Nos nossos dias vemos como o ser humano tem descoberto cada vez mais as leis que regem o universo e tem tirado proveito dessas mesmas leis em uma evolução tecnológica jamais vista. Há alguns dias anunciou-se, por exemplo, a descoberta de uma galáxia a uma distância de 13 bilhões de anos-luz da terra. Não é que o homem tenha criado as leis da física que permitiram a construção de tão potentes telescópios. Elas já existiam como pegadas deixadas pelo Criador. Apenas os homens descobriram-nas e fazem uso das mesmas.
Na esfera moral, Deus Nosso Senhor quis que também houvesse um progresso. Os povos pagãos que não tiveram a Divina Revelação chegaram a lampejos desta lei eterna mas, por causa da dureza do coração humano, erram em muitos pontos. Por exemplo, muitas tribos indígenas têm uma moral de fidelidade matrimonial muito apurada, mas, em contrapartida, chegam ao ponto de enterrarem vivos os filhos que nascem defeituosos. Diante desta dificuldade do ser humano, Deus quis revelar-se, e ao mesmo tempo, revelar o ser humano a si mesmo. Fê-lo de forma paulatina e pedagógica, escolhendo um povo – o povo judeu – dando-lhe mandamentos através de Moisés e dos profetas, conforme eram capazes de compreender. Na plenitude dos tempos enviou o seu Filho, e Nele, a plenitude da Revelação.
Tal progresso na revelação dos mandamentos fica claro no Evangelho de hoje: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição…. «Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juízo. Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu perante o tribunal; quem lhe chamar ‘imbecil’ será réu diante do Conselho; e quem lhe chamar ‘louco’ será réu da Geena do fogo.” (Mt 5, 17. 21-22) E ainda: “Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu” (Mt 5,20)
Em que consiste esta superação? Sobre isto disse Santo Irineu de Lyon: “ Em primeiro lugar, em crer, não apenas no Pai, mas também no Seu Filho doravante manifestado, pois é Ele que leva o homem à comunhão e à união com Deus. Em seguida, não apenas em dizer, mas em fazer – pois «eles diziam e não faziam» (Mt 23, 3) — e em evitar, não apenas actos maus, mas também o facto de os desejar. Com este ensinamento, Ele não contradizia a Lei, antes a cumpria e enraizava em nós os preceitos da Lei.” Jesus Nosso Senhor, com a graça do Espírito Santo, actua na alma e nela queima a própria raiz do pecado. Para Jesus não interessa apenas o exterior do ser humano, mas o seu coração. Jesus sabe que ninguém mata o seu semelhante se antes não o matou no coração pelo ódio e o ressentimento. Nosso Senhor sabe que ninguém adultera fisicamente se antes não adulterou pelo coração, nutrindo sentimentos de cobiça por uma mulher que não era a sua (ou marido que não era o seu).
A promessa de Deus para os puros de coração, como ouvimos Domingo passado, é que verão a Deus. O Catecismo fala deste combate pela pureza de coração: “2518. A sexta bem-aventurança proclama: «Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5, 8). Os «puros de coração» são os que puseram a inteligência e a vontade de acordo com as exigências da santidade de Deus, principalmente em três domínios: a caridade (259); a castidade ou rectidão sexual (260); o amor da verdade e a ortodoxia da fé (261). Existe um nexo entre a pureza do coração, do corpo e da fé:
Os fiéis devem crer nos artigos do Credo, «para que, crendo, obedeçam a Deus; obedecendo a Deus, vivam como deve ser; vivendo como deve ser, purifiquem o seu coração; e purificando o seu coração, compreendam aquilo em que crêem» (262).
2519. Aos «puros de coração» é prometido que verão a Deus face a face e serão semelhantes a Ele (263). A pureza do coração é condição prévia para a visão. Já desde agora, permite-nos ver segundo Deus, aceitar o outro como um «próximo» e compreender o corpo humano, o nosso e o do próximo, como um templo do Espírito Santo, uma manifestação da beleza divina.”
Nosso Senhor nos convida a um combate pela pureza de coração neste mundo. A recompensa porém, é ver aquilo que qualquer telescópio, mesmo o” Hoble” , jamais viu, como nos diz São Paulo: “Mas, como está escrito: O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que o amam.” (1 Cor 2,9)
Para as Células de Evangelização:
Pe. Marcelo
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