O Evangelho de hoje termina com a chamada de Nosso Senhor à santidade. Se pensarmos bem, a santidade, antes de ser uma meta, é o ponto de partida da vida cristã. Todos nós já fomos santos um dia. Lembremos dos dias que sucederam o nosso Baptismo; da mesma forma, em nossa primeira comunhão recebemos uma indulgência plenária – éramos santos; cada vez que nos confessamos e recebemos uma indulgência plenária, como na Festa da Misericórdia, somos santos. Trata-se portanto como diz São Paulo de viver uma dignidade já recebida por graça “Agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz” (Ef 5,8).
O Concílio Vaticano II explicitou no documento Lumen Gentium, esta chamada universal à santidade: “Jesus, mestre e modelo divino de toda a perfeição, pregou a santidade de vida, de que Ele é autor e consumador, a todos e a cada um dos seus discípulos, de qualquer condição: «sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito» (Mt. 5,48). A todos enviou o Espírito Santo, que os move interiormente a amarem a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todo o espírito e com todas as forças (cfr. Mc. 12,30) e a amarem-se uns aos outros como Cristo os amou (cfr. Jo. 13,34; 15,12). Os seguidores de Cristo, chamados por Deus e justificados no Senhor Jesus, não por merecimento próprio mas pela vontade e graça de Deus, são feitos, pelo Baptismo da fé, verdadeiramente filhos e participantes da natureza divina e, por conseguinte, realmente santos. É necessário, portanto, que, com o auxílio divino, conservem e aperfeiçoem, vivendo-a, esta santidade que receberam.” (LG 40)
Para isso é necessário antes de tudo, nos convençamos que a santidade “funciona”. Ou seja, como dizem os nossos jovens, que ela é “Bué da fixe” e não uma “seca”. Talvez a etimologia do termo santo nos ajude a perceber melhor a sua realidade. A etimologia latina da palavra santo significa sadio, curado. O santo é aquela pessoa curada, sarada na imagem e semelhança de Deus que é amor.
A lei do Talião à qual Nosso Senhor faz referência no Evangelho de hoje, já era um avanço. Limitando a desforra, o “olho por olho, dente por dente” destinava-se a romper o círculo vicioso da vingança e a escalada da violência. Nosso Senhor, porém nos ensina a ir além, como disse também São Paulo aos Romanos: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” (Rm 12,21) Como nosso coração, muitas vezes é machucado pelas feridas das ofensas, e enfraquecido pelo pecado original, nem sempre quer obedecer a esta lei nova do superar o mal com o bem, Nosso Senhor dá-nos um meio infalível para nos fortalecermos: “…orai pelos que vos perseguem. 45Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está no Céu”. (Mt 5,44, s.)
Jesus corrigiu os que erravam, opôs-se ao mal (com “l” que é coisa ou facto mal) mas quando nada adiantou ofereceu-se a si mesmo. Sobre isso disse Santo Aelredo de Rievaulx: “Não há nada que nos encoraje mais a amar os nossos inimigos, naquilo que consiste a perfeição do amor fraterno, do que a consideração e a gratidão pela admirável paciência do «mais belo dos filhos dos homens» (Sl 45 (44), 3): Ele ofereceu a Sua bela face aos ímpios para que a cobrissem de escarros; permitiu-lhes vendarem-Lhe aqueles olhos que, de um só relance, governam o Universo; expôs as Suas costas ao chicote, submeteu aos picos dos espinhos a Sua fronte, diante da qual deviam tremer príncipes e poderosos; entregou-Se às afrontas e às injúrias e, por fim, suportou com mansidão a cruz, os cravos, a lança, o fel, o vinagre, mantendo, no meio disso tudo, toda a doçura e serenidade: «Como um cordeiro levado ao matadouro, ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador, não abriu a boca» (Is 53,7).
Ao ouvir as admiráveis palavras «Pai, perdoa-lhes» (Lc 23, 34), cheias de doçura, de amor e de imperturbável serenidade, o que poderíamos nós acrescentar à bondade e à caridade dessa oração?
E, no entanto, o Senhor acrescentou algo. Não Se contentou em rezar; quis desculpar: «Pai ─ diz Ele ─ perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem»; são, sem dúvida, grandes pecadores, mas não têm disso consciência; por isso, Pai, perdoa-lhes; crucificam, mas não sabem a Quem crucificam. [...] Pensam tratar-se dum transgressor da Lei, dum usurpador da Divindade, dum sedutor do Povo; escondi-lhes o Meu rosto; não reconheceram a Minha majestade; por isso, «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem».
A lei Evangélica é caminho da nossa felicidade. Porém dizia alguém citando São Paulo: “24De facto, o nome de Deus por vossa causa é blasfemado entre os gentios, conforme está escrito.” (Rm2,24) Quando um não cristão como Gandhi, vê a lei Evangélica, admira a sua beleza. Porém ao notar que alguns cristãos não amam nem mesmo os que os amam, quanto mais os inimigos, não quer fazer-se cristão. Isto deve fazer-nos reflectir…
Ao ouvir as admiráveis palavras «Pai, perdoa-lhes» (Lc 23, 34), cheias de doçura, de amor e de imperturbável serenidade, o que poderíamos nós acrescentar à bondade e à caridade dessa oração?
E, no entanto, o Senhor acrescentou algo. Não Se contentou em rezar; quis desculpar: «Pai ─ diz Ele ─ perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem»; são, sem dúvida, grandes pecadores, mas não têm disso consciência; por isso, Pai, perdoa-lhes; crucificam, mas não sabem a Quem crucificam. [...] Pensam tratar-se dum transgressor da Lei, dum usurpador da Divindade, dum sedutor do Povo; escondi-lhes o Meu rosto; não reconheceram a Minha majestade; por isso, «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem».
A lei Evangélica é caminho da nossa felicidade. Porém dizia alguém citando São Paulo: “24De facto, o nome de Deus por vossa causa é blasfemado entre os gentios, conforme está escrito.” (Rm2,24) Quando um não cristão como Gandhi, vê a lei Evangélica, admira a sua beleza. Porém ao notar que alguns cristãos não amam nem mesmo os que os amam, quanto mais os inimigos, não quer fazer-se cristão. Isto deve fazer-nos reflectir…
Peçamos ao Senhor: Senhor Jesus, vem em nosso auxílio. Que nossa vida possa glorificar o Vosso Nome. Cura-nos para amar. Que a Vossa vida em nós nos ajude a “não nos deixar vencer pelo mal, mas vencer o mal com o bem.” Amém.
Para as Células de Evangelização:
Em que circunstâncias da vida experimentaste que foi mais eficaz o que diz São Paulo: “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” (Rm 2,12)
Pe. Marcelo
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