domingo, 13 de março de 2011

VENCENDO COM CRISTO

O primeiro Domingo da Quaresma, a cada ano, traz para nós o Evangelho das tentações de Jesus. Neste ano “A”, traz também aquela dos nossos primeiros pais. Sobre isso diz o Catecismo da Igreja Católica no nº 391-394 : “Por trás da opção de desobediência de nossos primeiros pais há uma voz sedutora que se opõe a Deus (Gen 3,1-5) e que, por inveja, os faz cair na morte (Sab 2,24). A Escritura e a Tradição da Igreja vêem neste ser um anjo destronado, chamado Satanás ou Diabo (Jo 8,44; Ap 12,9). A Igreja ensina que ele tinha sido anteriormente um anjo bom, criado por Deus.  – “Com efeito, o Diabo e outros demónios foram por Deus criados bons em (sua) natureza, mas se tornaram maus por sua própria iniciativa.” (IV Conc. Latrão, 1215)– A  Escritura fala de um pecado desses anjos (2Pe 2,4). Esta “queda” consiste na opção livre desses espíritos criados, que rejeitaram radical e irrevogavelmente a Deus e seu Reino. Temos um reflexo desta rebelião nas palavras do Tentador ditas a nossos primeiros pais: “E vós sereis como deuses” (Gn 3,5).”
No entanto o Salmo 115 diz:  O céu é pertença do Senhor; mas a terra, Ele a deu aos seres humanos” (Sl 115,16). Nós não vemos o maligno “por ai”. O que pode acontecer são pessoas que se deixam influenciar por ele. Jesus, nas tentações no deserto, venceu-o para também nos tornar participantes da sua vitória.  Na Sua Paixão o Senhor consumou esta vitória, como diz a segunda leitura de hoje: “De facto, se pela falta de um só e por meio de um só reinou a morte, com muito mais razão, por meio de um só, Jesus Cristo, hão-de reinar na vida aqueles que recebem em abundância a graça e o dom da justiça.” (Rm5,17)    Nossa Senhora é a Nova Eva que completamente participou da vitória de seu Filho e nos chama a seguir seus passos.
O prefácio da oração Eucarística nos explica o  sentido deste tempo da Quaresma: “Para renovar, na santidade, o coração dos vossos filhos e filhas, instituístes este tempo de graça e salvação. Libertando-nos do egoísmo e das outras paixões desordenadas, superamos o apego às coisas da terra.”
São João Bosco dizia: “Deus colocou-nos no mundo para os outros”. Certamente ele aprendeu com Nosso Senhor o que resumiu nesta frase. Jesus no-lo mostra no Evangelho com as tentações que vence. Como insinua o trecho do prefácio da Missa citado acima, o egoísmo é a principal tentação que Jesus vence.
 A primeira tentação: “«Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se transforme em pão.» Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem.» (Lc 4,3-4) Mais tarde, durante o seu ministério público, pelo menos por duas vezes Jesus multiplicou os pães para o povo faminto. Usou o poder como um dom de amor. Isso tem aplicações  práticas na vida da Igreja. Por exemplo, um sacerdote pode absolver aos outros dos seus pecados, mas não pode absolver-se a si mesmo. É um dom para os outros. Uma pessoa casada vive para os outros – especialmente o cônjuge, e os filhos – e assim se realiza. Assim a intimidade do casal, vivido de forma natural, como um dom de si ao outro e aberto à possibilidade da vida, faz parte do plano de Deus para a sua santificação.
A segunda tentação: “Em seguida, conduziu-o a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe: «Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, pois está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, a fim de que eles te guardem; e também: Hão-de levar-te nas suas mãos, com receio de que firas o teu pé nalguma pedra.» 12Disse-lhe Jesus: «Não tentarás ao Senhor, teu Deus.»” (Lc 4,9-12) Se nosso Senhor cedesse a esta tentação, seria um facto prodigioso, que atrairia fama para ele, mas sem proveito algum para ninguém. Nosso Senhor rejeitou-o. Mais tarde, na vida pública, movido pela compaixão, fez muitos actos prodigiosos em favor dos enfermos. Às vezes tirando-os da multidão, às vezes pedindo segredo da cura, e só permitindo que se falasse quando isso redundava em glória a Deus e salvação das almas com o aumento da fé: “Vai para tua casa, para junto dos teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti.” (Mc 5,19)
Por fim, a tentação de cultuar o “príncipe deste mundo” com vista a proveitos temporais. Isto fazem-no, ainda que muitas vezes inconscientemente, ou conscientemente, todos os que recorrem a “bruxedos” ou outras práticas ocultistas. «Dar-te-ei todo este poderio e a sua glória, porque me foi entregue e dou-o a quem me aprouver. 7Se te prostrares diante de mim, tudo será teu.» Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.» (Lc 4,6-8)
Nosso Senhor, neste tempo de Quaresma, chama-nos, de modo especial a vencer com ele. Para isso devemos usar as armas que a Igreja nos recomenda: A oração mais intensa, especialmente meditando a Paixão do Senhor, o jejum, e principalmente a caridade fraterna e com os pobres, sem a qual tudo o mais poderia cair numa “beatice” infrutífera.
Para as células de Evangelização:
Qual a diferença de uma vivência sadia da Quaresma para uma “beatice” infrutífera?
Pe. Marcelo 

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