sexta-feira, 25 de maio de 2012

Os desafios da vida religiosa na nova evangelização


Enquanto nos aproximamos da Assembléia Especial do Sínodo dos Bispos para a nova evangelização do mês de outubro, tentamos entender qual deve ser a resposta da vida religiosa a este apelo de Bento XVI .
Continuando a série de entrevistas com os superiores gerais das ordens religiosas, ZENIT conheceu o sacerdote indiano Nampudakam Jacob, diretor-geral dos Palotinos, congregação fundada em 1835 por São Vicente Pallotti.
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Como você acolheu o apelo do Papa Bento XVI para a nova evangelização?
Pe. Nampudakam: Este apelo é muito importante para nós Palotinos. É um argumento, de fato, ligado ao nosso carisma, dado que o nosso santo fundador quis construir uma Igreja em comunhão com a participação de todos os fiéis, religiosos, sacerdotes, leigos como apóstolos de Cristo.
Como a fé deve ser apresentada ao homem moderno?
Pe. Nampudakam: É importante voltar ao Evangelho e viver com mais autenticidade a mensagem de Jesus. A nova evangelização não é apenas uma série de palestras ou livros, mas implica retornar ao espírito do Evangelho: não podemos mudar nada. Por isso acredito que devemos apresentar a Deus como Ele é.
O Papa diz que Deus é o "grande desconhecido" na sociedade de hoje ...
Pe. Nampudakam: Na minha limitada experiência, posso dizer que no profundo do coração sempre está o desejo de Deus. Especialmente entre os jovens - que parecem desinteressados ​​e confusos - eu encontrei, quando confesso, sinceridade no coração e honestidade. O homem não pode viver sem Deus, pode negá-lo por um certo tempo e criar uma ilusão de grandeza e de imortalidade, mas acho que, no final, Deus é uma escolha existencial.
O que poderia mudar na vida religiosa para responder a este desafio da nova evangelização?
Pe. Nampudakam: Para todos, tanto religiosos como leigos, a maior tentação é a do materialismo. O Materialismo cria a ilusão de ser onipotente, portanto, uma experiência de pobreza, tanto material como espiritual, é muito importante. Acho que para os mais jovens, então, é importante a experiência das missões, porque ver crianças que não tem nada, toca os nossos corações e muda a atitude perante a vida.
O que funciona melhor no Oriente ou na África na estratégia pastoral, e que o Ocidente poderia aprender?
Pe. Nampudakam: Por exemplo, na Índia, uma estratégia missionária muito eficaz foi a de Madre Teresa. Ela não teve dificuldade em professar a fé católica e todos aceitaram isso. Portanto, professar honestamente a nossa fé é uma coisa importante; ao mesmo tempo devem ser respeitadas as outras religiões. Outro ponto é que o homem deve se tornar o centro do diálogo, porque onde não há humanidade e respeito da pessoa, tenho dificuldade em pensar que haja uma verdadeira religião.
Como está a sua congregação no mundo? A distribuição, as vocações, etc ...
Pe. Nampudakam: Somos 2.500 sacerdotes e irmãos em 43 países. O maior crescimento, hoje, está na Índia, e estamos chegando a países asiáticos como Taiwan, Filipinas, e talvez, no futuro, também no Vietnã ou na Camboja. Estamos trabalhando, então, em uma dúzia de países africanos; ali há uma grande oportunidade. Também na América do Sul está muito bom, especialmente no Brasil. No mundo europeu a situação não é das melhores, mas é muito interessante porque temos alguns jovens, além da Alemanha, como tinha dito, também na Irlanda.
O que dizem estes jovens postulantes? Por que deixaram para trás o mundo?
Pe. Nampudakam: Me disseram que foi pela hospitalidade que encontraram por meio dos nossos pastores e pela abertura aos leigos, que é parte do nosso carisma. São Vicente Pallotti, de fato, sempre quis criar uma comunidade com uma forte participação dos leigos. E acho que também a Igreja deve ser assim, porque o 90% da Igreja de hoje é composta por leigos, que não deveriam ser meros espectadores.
Existem causas de canonização entre os Palotinos?
Pe. Nampudakam: Há cerca de 20 casos. Temos dois beatos na Polônia, sacerdotes Stanek e Józef Jankowski, mártires assassinados na Segunda Guerra Mundial, juntamente com alguns outros poloneses e alemães. Existem também alguns mártires irlandeses e argentinos, mortos durante a ditadura na Argentina.
Em conclusão, qual mensagem gostaria de enviar para a família dos Palotinos no mundo?
 Pe. Nampudakam: Minha mensagem é para voltar ao espírito do Evangelho e seguir a Jesus como modelo exemplar de vida e de perfeição cristã. É necessário voltar a uma profunda decisão: fazer obras diversas, mas todas em nome de Cristo e do seu reino. A Igreja é nossa e nós estamos a serviço da única Igreja de Cristo.
[Tradução Thácio Siqueira]

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