Enquanto nos aproximamos da Assembléia Especial do Sínodo
dos Bispos para a nova evangelização do mês de outubro, tentamos entender qual
deve ser a resposta da vida religiosa a este apelo de Bento XVI .
Continuando a série de entrevistas com os superiores gerais
das ordens religiosas, ZENIT conheceu o sacerdote indiano Nampudakam Jacob,
diretor-geral dos Palotinos, congregação fundada em 1835 por São Vicente
Pallotti.
***
Como você acolheu o apelo do Papa Bento XVI para a nova
evangelização?
Pe. Nampudakam: Este apelo é muito importante para nós
Palotinos. É um argumento, de fato, ligado ao nosso carisma, dado que o nosso
santo fundador quis construir uma Igreja em comunhão com a participação de
todos os fiéis, religiosos, sacerdotes, leigos como apóstolos de Cristo.
Como a fé deve ser apresentada ao homem moderno?
Pe. Nampudakam: É importante voltar ao Evangelho e viver com
mais autenticidade a mensagem de Jesus. A nova evangelização não é apenas uma série
de palestras ou livros, mas implica retornar ao espírito do Evangelho: não
podemos mudar nada. Por isso acredito que devemos apresentar a Deus como Ele é.
O Papa diz que Deus é o "grande desconhecido" na
sociedade de hoje ...
Pe. Nampudakam: Na minha limitada experiência, posso dizer
que no profundo do coração sempre está o desejo de Deus. Especialmente entre os
jovens - que parecem desinteressados e confusos - eu encontrei, quando
confesso, sinceridade no coração e honestidade. O homem não pode viver sem
Deus, pode negá-lo por um certo tempo e criar uma ilusão de grandeza e de
imortalidade, mas acho que, no final, Deus é uma escolha existencial.
O que poderia mudar na vida religiosa para responder a este
desafio da nova evangelização?
Pe. Nampudakam: Para todos, tanto religiosos como leigos, a
maior tentação é a do materialismo. O Materialismo cria a ilusão de ser
onipotente, portanto, uma experiência de pobreza, tanto material como
espiritual, é muito importante. Acho que para os mais jovens, então, é
importante a experiência das missões, porque ver crianças que não tem nada,
toca os nossos corações e muda a atitude perante a vida.
O que funciona melhor no Oriente ou na África na estratégia
pastoral, e que o Ocidente poderia aprender?
Pe. Nampudakam: Por exemplo, na Índia, uma estratégia
missionária muito eficaz foi a de Madre Teresa. Ela não teve dificuldade em
professar a fé católica e todos aceitaram isso. Portanto, professar
honestamente a nossa fé é uma coisa importante; ao mesmo tempo devem ser
respeitadas as outras religiões. Outro ponto é que o homem deve se tornar o
centro do diálogo, porque onde não há humanidade e respeito da pessoa, tenho
dificuldade em pensar que haja uma verdadeira religião.
Como está a sua congregação no mundo? A distribuição, as
vocações, etc ...
Pe. Nampudakam: Somos 2.500 sacerdotes e irmãos em 43
países. O maior crescimento, hoje, está na Índia, e estamos chegando a países
asiáticos como Taiwan, Filipinas, e talvez, no futuro, também no Vietnã ou na
Camboja. Estamos trabalhando, então, em uma dúzia de países africanos; ali há
uma grande oportunidade. Também na América do Sul está muito bom, especialmente
no Brasil. No mundo europeu a situação não é das melhores, mas é muito
interessante porque temos alguns jovens, além da Alemanha, como tinha dito,
também na Irlanda.
O que dizem estes jovens postulantes? Por que deixaram para
trás o mundo?
Pe. Nampudakam: Me disseram que foi pela hospitalidade que
encontraram por meio dos nossos pastores e pela abertura aos leigos, que é
parte do nosso carisma. São Vicente Pallotti, de fato, sempre quis criar uma
comunidade com uma forte participação dos leigos. E acho que também a Igreja
deve ser assim, porque o 90% da Igreja de hoje é composta por leigos, que não
deveriam ser meros espectadores.
Existem causas de canonização entre os Palotinos?
Pe. Nampudakam: Há cerca de 20 casos. Temos dois beatos na
Polônia, sacerdotes Stanek e Józef Jankowski, mártires assassinados na Segunda
Guerra Mundial, juntamente com alguns outros poloneses e alemães. Existem
também alguns mártires irlandeses e argentinos, mortos durante a ditadura na
Argentina.
Em conclusão, qual mensagem gostaria de enviar para a
família dos Palotinos no mundo?
Pe. Nampudakam: Minha
mensagem é para voltar ao espírito do Evangelho e seguir a Jesus como modelo
exemplar de vida e de perfeição cristã. É necessário voltar a uma profunda
decisão: fazer obras diversas, mas todas em nome de Cristo e do seu reino. A
Igreja é nossa e nós estamos a serviço da única Igreja de Cristo.
[Tradução Thácio Siqueira]
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