Certa vez, fui abordado per dois jovens missionários de uma seita. Quis
dialogar com eles para perceber os fundamentos de sua fé e ver o que tínhamos
em comum. Em determinado ponto da conversa, perguntei como ele tinha certeza de
sua fé. A resposta não poderia ser mais subjetivista e volúvel: - “Ah, eu senti
que era assim!”
Sobre estas pessoas fala o Catecismo: “Os que hoje nascem em
comunidades provenientes de tais rupturas, «e que vivem a fé de Cristo, não
podem ser acusados do pecado da divisão. A Igreja Católica abraça-os com
respeito e caridade fraterna [...]. Justificados pela fé recebida no Baptismo,
incorporados em Cristo, é a justo título que se honram com o nome de cristãos e
os filhos da Igreja Católica reconhecem-nos legitimamente como irmãos no
Senhor» .Além disso, existem fora das
fronteiras visíveis da Igreja Católica, «muitos elementos de santificação e de
verdade: «a Palavra de Deus escrita, a vida da graça, a fé, a esperança e a
caridade, outros dons interiores do Espírito Santo e outros elementos visíveis»
. O Espírito de Cristo serve-Se destas Igrejas e comunidades eclesiais como
meios de salvação, cuja força vem da plenitude da graça e da verdade que Cristo
confiou à Igreja Católica. Todos estes bens provêm de Cristo e a Ele conduzem e
por si mesmos reclamam «a unidade católica.” (Catecismo nº 818 e 819)
Comemoramos hoje os Santos Apóstolos Pedro e Paulo. Fazendo a memória desses Apóstolos,
mergulhamos fundo no Mistério da Igreja. Sim pois de uma vez por todas a pessoa
de Simão Pedro ficou unida à Igreja quando Jesus lhe disse: “Também Eu te digo:
Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do
Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que
ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será
desligado no Céu.” (Mt 16,18-19)
O encontro verdadeiro com Cristo, pode até preceder o encontro com a
Igreja, mas deve conduzir a esta. Dizia o Papa Bento XVI: “A história
mostra-nos que se alcança normalmente Jesus através da Igreja! Num certo
sentido, isto verificou-se, também para Paulo, o qual encontrou a Igreja antes
de encontrar Jesus.
Mas este contato, no seu caso, foi contraproducente. Não causou a
adesão, mas uma violenta repulsa. Para Paulo, a adesão à Igreja foi propiciada
por uma intervenção direta de Cristo, o qual, tendo-se-lhe revelado no caminho
de Damasco, se identificou com a Igreja e lhe fez compreender que perseguir a
Igreja era perseguir o Senhor. De fato, o Ressuscitado disse a Paulo, o
perseguidor da Igreja: "Saulo, Saulo, porque me persegues?" (Act 9,
4). Perseguindo a Igreja, perseguia Cristo. Então Paulo converteu-se, ao mesmo
tempo, a Cristo e à Igreja. Disto compreende-se, depois, porque a Igreja tenha
estado tão presente nos pensamentos, no coração e na atividade de Paulo.” E
que: “Ele mesmo o reconhece nas suas Cartas (1 Cor 15, 9; Gl 1, 13; Fl 3, 6):
"Persegui a Igreja de Deus" ; escreve, quase como a apresentar este
seu comportamento como o pior dos crimes.”
Na segunda leitura vemos que mesmo o grande Apóstolo São Paulo, depois
de se apoiar na única rocha que é Cristo, através da oração retirada e das
revelações particulares que recebeu, quis também apoiar -se na rocha visível
que Cristo deixou no meio de nós como garantia de estarmos na verdade: “Mas,
quando aprouve a Deus - que me escolheu desde o seio de minha mãe e me chamou
pela sua graça - revelar o seu Filho em mim, para que o anuncie como
Evangelho entre os gentios, não fui logo consultar criatura humana alguma, nem subi a Jerusalém para ir ter com os que se tornaram Apóstolos antes de
mim. Parti, sim, para a Arábia e voltei outra vez a Damasco. A seguir,
passados três anos, subi a Jerusalém, para conhecer a Cefas, e fiquei com ele
durante quinze dias.” (Gl1,15-19) Além
disso, depois de anos de ministério, quis voltar a conferir o seu Evangelho com
o de Pedro para não correr o risco de correr ou ter corrido em vão. É a
obediência que é a marca dos grandes servos de Deus. Obediência primeiro a
Cristo, e depois também àqueles que Cristo deixou como seus representantes
visíveis neste mundo. “A seguir, catorze anos depois, subi outra vez a
Jerusalém, com Barnabé, levando comigo também Tito. Mas subi devido a uma
revelação. E pus à apreciação deles - e, em privado, à dos mais considerados -
o Evangelho que prego entre os gentios, não esteja eu a correr ou tenha corrido
em vão.” (Gl 2,1-2)
Se até o grande Apóstolo Paulo sentiu a necessidade de conferir o que
ensinava com a fé dos Apóstolos e em especial à de Pedro, quem somos nós para
fazermos diferente? Corremos um grande risco, assim de nos afastarmos da
verdade.
No dia de hoje queremos apresentar à Santíssima Trindade um grande
louvor, pelo ministério de Pedro e seus sucessores, assim como os bispos,
sucessores dos Apóstolos que nos conservam na certeza de estar na unidade da
Igreja de Cristo. E se algumas vezes a vida de algum deles não foi uma imagem
clara do Evangelho que pregavam, isso deve suscitar em nós um renovado espírito
de conversão, pois sendo a Igreja um Corpo, a nossa vida em Cristo não é
indiferente ao bem de toda a Igreja.
Para partilhar:
Já tivestes dúvida de pertencer à verdadeira Igreja de Cristo? Como
tiraste tal dúvida?
Pe. Marcelo
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