A Santa Igreja Celebra como solenidade e não como simples festa ou memória o nascimento de São João Batista. Por que será? Na Missão de São João Batista, a própria Igreja contempla a sua própria missão: Anunciar o Senhor Jesus já presente no meio de nós, as consequências desta presença e preparar já não a sua primeira vinda, mas a sua segunda vinda em glória: “E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos, para dar a conhecer ao seu povo a salvação pela remissão dos seus pecados, graças ao coração misericordioso do nosso Deus...” ( Luc 1,76)
No Evangelho da Solenidade de hoje vemos a escolha do seu nome. Para os judeus o nome tem a ver com a missão que alguém tem. João significa: “Deus é Misericordioso”; Jesus significa: “Salvador”. “Ele vai chamar-se João”, diz o seu pai Zacarias, e recupera a fala; “21Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados” (Mt 1,21), diz o anjo a São José em sonho. A Misericórdia de Deus é a salvação.
Diz a segunda leitura: “Da sua descendência (de Davi), segundo a sua promessa, Deus proporcionou a Israel um Salvador, que é Jesus.” O que é salvar? Salvar é resgatar algo ou alguém que corria o risco de perder-se e perder-se para sempre. Só Jesus é o Salvador.
O que João tem hoje a dizer à nossa geração do século XXI? Talvez o mesmo que disse aos seus contemporâneos. À nossa geração que se ilude de querer salvar-se a si mesma, João, que foi confundido com o Messias, e com humildade desmentiu, teria a dizer: “Depois de mim vai chegar outro que é mais forte do que eu, diante do qual não sou digno de me inclinar para lhe desatar as correias das sandálias.” (Mc 1,7)
Tem a dizer com a sua vida a nós, agitados freneticamente em um mundo de velocidade, de comunicação e telecomunicações, que não tem mais tempo para o recolhimento e o encontro com Deus: “Entretanto, o menino crescia, o seu espírito robustecia-se, e vivia em lugares desertos, até ao dia da sua apresentação a Israel.” (Lc 1,80)
João tem a dizer a nós que temos a graça de ter Jesus Eucarístico no meio de nós e não vamos adorá-lo durante a semana e em alguns casos chegamos à loucura de trocar a Santa Missa Dominical por outras coisas: “No dia seguinte, ao ver Jesus, que se dirigia para ele, exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”
Ele tem a dizer à nossa geração , não obstante todas as coisas, sedenta de ter um encontro verdadeiro com a graça de Deus: “Eu batizo-vos com água, para vos mover à conversão; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu e não sou digno de lhe descalçar as sandálias. Ele há de batizar-vos no Espírito Santo e no fogo.” (Mt 3,11)
A todos nós que às vezes fazemos ato penitencial na Missa e especialmente confissões com pecados graves , mas sem propósito de emenda, João tem a nos dizer: “«Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera que está para chegar? Produzi frutos de sincero arrependimento e não comeceis a dizer para convosco: ‘Nós temos Abraão como pai’; pois eu vos digo que Deus pode, destas pedras, suscitar filhos a Abraão. O machado já se encontra à raiz das árvores; por isso, toda a árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo.” (Lc 3,7-9)
Ele tem a dizer a todos nós que tantas vezes temos mais do que precisamos e não partilhamos: “E as multidões perguntavam-lhe: «Que devemos, então, fazer?» 11Respondia-lhes: «Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo.” (Lc 3,11)
Aos que são tentados ao lucro fácil, mas desonesto João diz hoje: “«Nada exijais além do que vos foi estabelecido.” (Lc 3,13)
Aos soldados de sua época e da nossa diz João: “«Não exerçais violência sobre ninguém, não denuncieis injustamente e contentai-vos com o vosso soldo.” (Lc 3,14)
Mas, antes de tudo os Joões e as Joanas Batistas de hoje dizem o que o nome João significa: “Deus é misericordioso.” Sem dúvida, uma das Joanas Batistas do nosso tempo foi e é Santa Faustina Kowauska. No seu diário Nosso Senhor lhe disse: “Escreve isto: Antes de vir como justo Juiz, venho como Rei da Misericórdia”. Também ela escreveu: “'Então, vi Nossa Senhora, que me disse: Oh! Como é agradável a Deus a alma que segue fielmente a inspiração da Sua graça! Eu dei o Salvador ao mundo e, quanto a ti, deves falar ao mundo da Sua grande misericórdia, preparando-o para a Sua Segunda vinda, quando virá não como Salvador misericordioso, mas como Justo Juiz. Oh! Quão terrível será esse dia! Está decidido o dia da justiça, o dia da ira de Deus; os próprios Anjos tremem diante dele. Fala às almas dessa grande misericórdia, enquanto é tempo de compaixão. Se tu te calares agora, terás de responder naquele dia terrível por um grande número de almas. Nada receies, sê fiel até o fim, Eu me compadeço de ti.' (nº 635)
Sejamos Joões Batistas para nós mesmos e para os outros. É também a nossa vocação!
Para partilhar: O que tocou-te de modo especial do exemplo de São João Batista? Em que podemos imitá-lo?
Pe. Marcelo
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