sábado, 1 de dezembro de 2012

Apóstolos Hoje – Dezembro de 2012


O ANO DA FÉ, O SÍNODO DOS BISPOS SOBRE A NOVA EVANGELIZAÇÃO E O 500 ANIVERSÁRIO DA CANONIZAÇÃO DE SÃO VICENTE PALLOTTI

Receber o convite para preparar uma reflexão que inclui temas importantes para nossa Família Palotina é como ser convidada a mergulhar no oceano. Quantos temas, argumentos importantes e desafios que verdadeiramente nos esperam. Tenho medo das muitas palavras, pois temos sempre menos tempo para escutar o outro e menos ainda para ler o que o outro escreveu. 

Sei que a minha primeira atitude é colocar-me aos pés do Mestre Jesus a quem proclamo o meu único Senhor. Preciso da coragem para confiar-me a Ele e desejo também, confiar todos vocês ao seu amor.

O que vem a minha memória, neste instante, são as palavras de São Paulo (da qual São Vicente apaixonou-se) que ressoam ainda no meu coração desde o tempo do Simpósio sobre a Nova Evangelização. "Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” ( 1Cor 9, 16).

Num mundo em mudança, o Evangelho não muda. A Boa Nova permanece sempre a mesma. Nossa vocação e responsabilidade de sermos portadores da Boa Nova que é sempre atual, como nos lembram as palavras do Papa: "O ponto central do anúncio permanece sempre o mesmo: o Kerigma de Cristo morto e ressuscitado pela salvação do mundo, o Kerigma do amor absoluto e total de Deus por cada homem e cada mulher” (Papa Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial das Missões, 2012).

Me pergunto: nós, filhos e filhas de São Vicente Pallotti, que necessidade temos neste tempo da Nova Evangelização?

Como todos na Igreja de hoje, preciso rever com coragem e humildade, minha maneira de ser apóstolo/a, enviado/a, evangelizador/a, preciso compreentender o sentido profundo da ineficácia do meu anúncio e do meu testemunho, ou ao contrário: como explicar que muitas pessoas ao meu redor ainda não conhecem Deus e vivem como se Deus não existesse?

"Deus não criou os homens no tempo senão para levá-los felizes para a  eternidade. Seu desejo é vê-los todos salvos, todos iluminados pela luz da sua Verdade Divina. A este fim é voltada a difusão de Suas graças e o exercício da sua Providência. Por este motivo, disse São Dionísio Areopagita, que a obra mais santa, mais nobre, a mais augusta, a mais Divina entre todas as obras Divinas, augustas, nobres e santas é aquela de cooperar aos desígnios, à vontade e aos desejos misericordiosos de Deus para a salvação dos homens” (OOCC IV, 124).

Cada um de nós, anos atrás, encontrou Jesus e respondeu com amor e coragem ao seu chamado - "Segue-me” -  dizendo "Eis-me aqui”. Cada um realiza no seu próprio estado de vida como mãe, pai, religiosa, irmã/o, sacerdote, jovem, doente ... , dia após dia, o ser apóstolos/as, enviados de Jesus. Todos nós temos o mesmo desejo implantado no coração pelo Criador – aquele de sermos felizes. Como bons cristãos, desejamos a mesma felicidade também para os nossos irmãos e irmãs. Encontramos a plenitude de nossa felicidade em Jesus Cristo que é para cada um "Caminho, Verdade e Vida”.

Colocando-me diante do Mestre devo encontrar a coragem para refletir também sobre a eficácia do meu anúncio e do meu testemunho. Este é o primeiro e importante passo em direção a minha contribuição pessoal para a Nova Evangelização. Não importa se a verdade me faz sofrer, mas a sinceridade me levará à conversão e à cura. A rotina muitas vezes "apaga” a força da criatividade e do entusiasmo e nos leva a monotonia. A falta de ardor missionário que se manifesta no cansaço, na desilusão, no desinteresse, na indiferença, no minimalismo pode ser um sinal de crise.

Qualquer que seja o meu diagnóstico, sou chamado/a a deixar-me renovar espiritualmente através do meu encontro e da minha comunhão vivida diarimente com Jesus Cristo. Sem o sopro renovador do Espírito Santo não poderá acontecer a Nova Evangelização. Sem o meu profundo desejo do Espírito Santo não pode nascer em mim "um homem novo, uma mulher nova", verdadeira testemunha de Deus. Dou-me conta, pela experiência de vida, o quanto é arriscado e imprevisível invocar a força do Espírito Santo e o seu agir em nós.

Mas, se abrimos o nosso coração e nossa mente ao fogo do Espírito Santo, que atuou na vida e na atividade missionária dos primeiros apóstolos, de São Paulo e na vida de todos os santos de todos os tempos, incluindo o nosso Fundador, podemos perceber que ocorreram inesperadas mudanças. Assim, aconteceu com os discípulos de Emaús, com os discípulos no Cenáculo depois de Pentecostes - foram transformados de simples enviados em testemunhas zelosos do Ressuscitado e de medrosos apóstolos em corajosos anunciadores do Evangelho até os confins da terra. É o Espírito Santo que nos impulsiona a proclamar as grandes obras de Deus. "Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” ( 1Cor 9, 16).

Encontro verdadeiramente necessidade de me converter em testemunha corajosa de Jesus ressuscitado a partir do qual flui a vida para mim e para o mundo todo. E não sou chamada a ser simplesmente um cronista de fatos, acontecimentos imortalizados das páginas do Evangelho, mas crer fortemente na extraordinária força e na vida presente no Evangelho. O que é mais difícil para todos nós, para cada cristão, hoje, é certamente o de ter a coragem de tomar nas mãos seriamente o Evangelho, procurar colocar em prática o que Jesus nos diz com simplicidade de espírito. Mas é exatamente isto que nos é pedido hoje, com grande insistência.
A Boa Nova do Evangelho é sempre o amor de Deus para com o homem. De cada um, se espera o "trabalho” em dar forma concreta a esta mensagem e é somente assim que o outro, que está ao nosso lado, poderá compreender a mensagem de amor e de esperança. Parece mais atual e necessária a "teologia do rosto do ser", que quer significar encontro e acolhida do outro de modo personalizado. Isto é muito procurado hoje nos relacionamentos humanos. O caminho mais eficaz para partilhar a Boa Nova com os outros é comunicá-la de coração para coração. Cada pessoa deseja sentir-se digna de nossa atenção, do nosso interesse, do nosso amor e tantos desejam ver em nós "homens de Deus”. 

Lembro-me de um encontro recente com um imigrante de Burkina Faso que me parou na rua pedindo ajuda para comer. Ele estava desesperado, triste, cansado de lutar por sua vida na Itália. Na breve conversa ele contou que fugiu de seu país por causa da guerra e veio para a Itália, mas encontrou também aqui uma vida difícil. Parecia muito sincero, olhando em seus olhos vi uma pessoa sofrida, ao qual se nega seguidamente o respeito pela sua humanidade. Infelizmente, aquele dia, não tinha dinheiro no bolso e parecia que não poderia ajudá-lo. Propus a ele minhas orações e coloquei minha mão em sua cabeça rezando e abençoando-o. Ele, realmente comovido me disse: "irmã, a sua oração para mim vale mais do que o dinheiro”.

Sim, somos chamados a abrir os olhos e descobrir que o outro é meu irmão, filho do mesmo Pai Celeste, assim como nos ensina a Palavra de Deus. Sim, é verdade, se o nosso coração não arde com o fogo da Palavra, não inflamaremos o mundo com o Evangelho que possui a vida. Somente o Senhor poderá ajudar-me a abrir-me ao "novum" proposto pelo Espírito Santo. Caso contrário terei sempre as mesmas atitudes, os mesmos métodos, etc., me pergunto, com qual resultado?

"Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” ( 1Cor 9, 16).

"Lembra-te, que o meu Divino Filho no reino da Glória, vos recompensará por cada pensamento, palavra e obra e por cada pequena coisa  que  haveis colocado para a propagação da Santa Fé, melhor ainda, se para tal fim, fazeis o quanto for possível e de todo modo possível, sereis coroados para toda eternidade com a Coroa de glória do seu Apostolado(OOCC IV, 333).

Para um momento de oração:
Senhor, quero que a minha vida se torne uma experiência contínua da tua presença para partilhar com os outros. Que a minha vida seja um espaço para a ação do teu Evangelho, do teu Espírito Santo e para que Tu possas ser conhecido, amado e glorificado em todo o mundo.

Pai de infinita bondade e ternura, que nunca te cansas de alimentar os teus filhos e sustentá-los com a tua mão, concede-nos obter do Coração de Cristo trespassado na Cruz a sublime consciência do teu amor, para que renovados com a força do Espírito Santo possamos levar a todos os homens as riquezas da redenção. Amém (Da Liturgia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus)

Perguntas para uma reflexão
1. Sinto na minha vida necessidade de conversão, de mudança?
     2. No meu apostolado, na minha missão, sinto a necessidade da força renovadora do Espírito de Deus?
     3. Estou pronto/a a abrir-me ao “novum” que me propõe o Espírito Santo ao qual deseja comprometer-me?
 Ir. M. Bozena Olszewska SAC

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