sexta-feira, 20 de março de 2009

DAS TREVAS PARA A LUZ

Nas primeiras leituras deste tempo da Quaresma, temos visto as diversas alianças que Deus fez com o seu povo ao longo da história, que eram todas figuras da Nova Aliança que chegaria por Jesus Cristo. A aliança com Noé, figura do Baptismo; com Abraão, na qual Deus promete, na sua descendência de homem de fé, um povo escolhido; por último, como vimos no Domingo passado, essa descendência humana de Abraão que é o povo de Israel, recebe a aliança do Monte Sinai com os Dez Mandamentos. Da fraqueza e infidelidade do povo de Israel (leitura de hoje) viu-se a absoluta necessidade de um Salvador que é Jesus. Sobre isso diz o Novo Catecismo da Igreja Católica:

“Deus, nosso Criador e nosso Redentor, escolheu Israel como Seu povo e revelou-lhe a Sua Lei, preparando assim a vinda de Cristo. [...] A Lei antiga é o primeiro estádio da lei revelada. As suas prescrições morais estão compendiadas nos Dez Mandamentos. Os preceitos do Decálogo assentam os alicerces da vocação do homem, feito à imagem de Deus: proíbem o que é contrário ao amor de Deus e do próximo e prescrevem o que lhe é essencial. O Decálogo é uma luz oferecida à consciência de todo o homem…

Segundo a tradição cristã, a Lei santa, espiritual e boa, é ainda imperfeita (Rom 7, 12ss). Como um pedagogo (Gal 3, 24), mostra o que se deve fazer; mas, por si, não dá a força, a graça do Espírito para ser cumprida. Por causa do pecado, que não pode anular, não deixa de ser uma lei de escravidão. [...] A Lei antiga é uma preparação para o Evangelho. A Lei nova ou Lei evangélica é a perfeição, na terra, da Lei divina, natural e revelada. É obra de Cristo e tem a sua expressão, de modo particular, no sermão da montanha. É também obra do Espírito Santo e, por Ele, torna-se a lei interior da caridade: «Estabelecerei com a casa de Israel uma aliança nova [...]. Hei-de imprimir as Minhas leis no seu espírito e gravá-las no seu coração. Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo» (Heb 8, 8-10). (Cf. Catecismo nº 1961-1967)

Nosso Senhor Jesus Cristo, pela sua graça faz com que os mandamentos, de um peso, se tornem força para a caminhada do homem. Por exemplo: Um jovem escuteiro está no início de sua caminhada, com a sua mochila cheia de provisões, alimentos enlatados, doces… No começo, isso é para ele um peso, pois tem de carregá-los. Na medida, porém, que os vai comendo, aqueles alimentos que para ele eram um peso, começam a se transformar em leveza e força. Isso realiza Jesus com aqueles que Dele se aproximam, pelo perdão dos pecados e a comunicação do Seu Espírito Santo. Disse-o Nosso Senhor: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.»” ( Cf. Mt 11,28-30)

Nicodemos foi até Jesus no Evangelho de hoje, mas nota-se que ainda não estava totalmente decidido a segui-lo. Ele foi ter com Jesus de noite, pois não queria ainda ser visto publicamente como seu discípulo. Jesus comparando-se com a luz do dia, em contraste com as trevas da noite, nas quais Nicodemos foi procurá-lo, quis chamá-lo a uma decisão de expor-se à luz que é Ele mesmo, a crer Naquele que seria elevado na Cruz por ele, e a ser, declaradamente, seu discípulo. Disse-lhe:“…a Luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à Luz, porque as suas obras eram más. De facto, quem pratica o mal odeia a Luz e não se aproxima da Luz para que as suas acções não sejam desmascaradas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, de modo a tornar-se claro que os seus actos são feitos segundo Deus.» (Jo 3,19-21)

Queremos, principalmente na Confissão para Páscoa, expor a nossa vida à luz da Misericórdia de Jesus.
Para as células de Evangelização:

Hoje em dia, em ambientes como o escolar ou universitário, para não citar muitos outros, as pessoas são colocadas no dilema de ocultar-se ou declarar-se pelas suas convicções, como cristão. Partilha alguma situação em que tu ou outra pessoa que conheces foi chamado a assumir uma postura cristã, e ser “sinal de contradição”.

Pe. Marcelo

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