sábado, 11 de dezembro de 2010

O DESERTO FECUNDO

A primeira leitura de hoje nos diz que o deserto florirá. Essa Profecia se cumpriu de mais de um modo. O primeiro modo nós o vemos no Evangelho desse Domingo. Dois frutos esplêndidos da experiência do deserto:  Um é São João Baptista, outro Nosso Senhor Jesus Cristo. Ambos foram ao deserto buscar forças para o seu ministério. O deserto é o lugar do encontro com Deus, onde, no silencio interior e na ausência de apoios humanos, o ser humano pode se abrir à Palavra criadora do Senhor. O deserto nos prepara para a missão. Os grandes homens da Bíblia, todos eles tiveram essa experiência com o deserto. Abraão, Moisés, o rei David na Juventude a pastorear as ovelhas,  O profeta Elias, João Batista e o próprio N.S. Jesus Cristo.
Deus conduz os seus servos ao deserto, para que lá, ele possa desapegá-los das coisas inúteis e educá-los no essencial e ficarem ainda mais cheios do Espírito Santo. Por isso, o próprio Senhor Jesus disse a respeito de São João Baptista: “ O que fostes ver no deserto? Uma vara agitada pelo vento? (símbolo da inconstância e da frouxidão) Ou um homem vestido com vestes finas? (Símbolo do culto da aparência e das vaidades): Nada disso: Foram ver um homem firme em suas convicções, na fé e um homem que vivia do essencial. A isso o levou a experiência com Deus no deserto.
Em Nosso Senhor Jesus Cristo, porém, a experiência do deserto e de vencer  ali as tentações do diabo, o fez ficar ainda mais consciente de estar cheio do Espírito Santo. Ele mesmo  logo a seguir disse na sinagoga de Nazaré: “«O Espírito do Senhor está sobre mim,porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor.» (Lc 4,18-19)
Os factos relatados no Evangelho de hoje atestam essa declaração de Jesus: “«Ide contar a João o que vedes e ouvis:  Os cegos vêem e os coxos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa-Nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontra em mim ocasião de escândalo.» (Mt 11,4-6)
Um outro facto que atesta essa fecundidade do deserto, é a situação actual do deserto da Judeia: Quem hoje em dia passa por Israel e mais especificamente perto do deserto que circunda o curso do rio Jordão, verá um grande contraste: “De um lado a terra árida e sem vida; de outro, a terra cultivada e irrigada com água do rio Jordão onde crescem verduras e frutas da melhor qualidade. O deserto trabalhado produz. Entre os missionários, conta-se a seguinte história do diálogo de um padre e uma pessoa nativa de um lugar que tinha problema da fome: “Mas aqui não dá milho? Não senhor. Não dá arroz, não senhor? Não dá abóbora? Não senhor. E se plantar? Ah, se plantar, dá…” Parece engraçado, mas isto pode ilustrar bem  nossa vida cristã. Conheço lugares onde este “deserto” diário é fortemente recomendado e quase que normativo para o cristão que realmente quer crescer na vida com Deus.  No meu tempo de militar o deserto era a casa de banho depois do dia de estudo, onde levava a Bíblia para a ler. Sem esse deserto, nosso coração permanece uma terra inculta onde nascem os espinhos, e a boca falará o que o coração está cheio. Por isso, na segunda leitura São Paulo nos exorta a ter a paciência dos agricultores, para que de nós saiam os bons frutos do Espírito: Alegria, paz, caridade, longanimidade, auto-domínio, temperança, etc… No fundo o Grande agricultor é o Nosso Pai do Céu. (Cf. Jo 15) Do contrário , como ele diz, da nossa boca sairá o espinho da crítica. Cada um deve encontrar o seu deserto, uns maiores, outros menores, para que ali, no encontro pessoal diário com o Senhor, a sua vida cristã possa florescer e sejamos uma comunidade verdadeiramente cheia do Espírito Santo, cheia da caridade de Cristo. Experimente cultivar o seu deserto. Certamente ele florirá pois Deus é fiel.

Para as células de Evangelização.
Nosso deserto com Cristo (oração) tem florido na caridade? Se algum dos membros fez o COR, foi uma experiência válida de deserto?
Pe. Marcelo

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