sexta-feira, 3 de junho de 2011

COMUNICAR CRISTO

A Liturgia da Igreja, no dia da Ascensão do Senhor é voltada para a nossa missão. Nosso Senhor Jesus Cristo conclui a missão que o Pai lhe havia confiado e é exaltado à Sua direita na glória. Começa a missão do Espírito Santo e da Igreja. Eis o mandato do Senhor expresso no Evangelho: “«Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra. Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28,16).
Nosso Senhor diz-nos que todo o poder lhe foi dado no Céu e na Terra. No entanto, quando perguntado pelos Apóstolos se era agora que iria restaurar o reino de Israel, ele respondeu: “«Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a sua autoridade. Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo” (Actos 1,7-8). Vemos assim a verdadeira natureza deste poder. Continuarão a haver “poderes” neste mundo, mas sem o Poder do Espírito, mesmo que alguém tenha poder humano, este poder não servirá para fazer o bem e instaurar o Reino de Deus, mas pelo contrário, servirá ao mal. Em Portugal é também dia de eleições. É dia de rezarmos pelos eleitos, para que o Senhor lhes envie o Poder do Espírito Santo, que os capacitará, se forem abertos, a fazerem o bem realmente.
 Um dos modos actuais de bem usar o “poder humano” e cumprir o mandato evangelizador que o Senhor nos fez  é a boa utilização das novas tecnologias da comunicação. Sobre isso escreveu o Santo Padre para este Domingo, que coincide com o dia mundial das comunicações sociais:
“Queridos irmãos e irmãs! Por ocasião do XLV Dia Mundial das Comunicações Sociais, desejo partilhar algumas reflexões, motivadas por um fenómeno característico do nosso tempo: a difusão da comunicação através da rede internet…. No mundo digital, transmitir informações significa com frequência sempre maior inseri-las numa rede social, onde o conhecimento é partilhado no âmbito de intercâmbios pessoais. A distinção clara entre o produtor e o consumidor da informação aparece relativizada, pretendendo a comunicação ser não só uma troca de dados, mas também e cada vez mais uma partilha. Esta dinâmica contribuiu para uma renovada avaliação da comunicação, considerada primariamente como diálogo, intercâmbio, solidariedade e criação de relações positivas. Por outro lado, isto colide com alguns limites típicos da comunicação digital: a parcialidade da interacção, a tendência a comunicar só algumas partes do próprio mundo interior, o risco de cair numa espécie de construção da auto-imagem que pode favorecer o narcisismo… Na busca de partilha, de «amizades», confrontamo-nos com o desafio de ser autênticos, fiéis a si mesmos, sem ceder à ilusão de construir artificialmente o próprio «perfil» público….
Quem é o meu «próximo» neste novo mundo? Existe o perigo de estar menos presente a quantos encontramos na nossa vida diária? Existe o risco de estarmos mais distraídos, porque a nossa atenção é fragmentada e absorvida por um mundo «diferente» daquele onde vivemos? Temos tempo para reflectir criticamente sobre as nossas opções e alimentar relações humanas que sejam verdadeiramente profundas e duradouras? É importante nunca esquecer que o contacto virtual não pode nem deve substituir o contacto humano directo com as pessoas, em todos os níveis da nossa vida.
Também na era digital, cada um vê-se confrontado com a necessidade de ser pessoa autêntica e reflexiva. Aliás, as dinâmicas próprias dos social network mostram que uma pessoa acaba sempre envolvida naquilo que comunica. Quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais. Segue-se daqui que existe um estilo cristão de presença também no mundo digital: traduz-se numa forma de comunicação honesta e aberta, responsável e respeitadora do outro. Comunicar o Evangelho através dos novos midia significa não só inserir conteúdos declaradamente religiosos nas plataformas dos diversos meios, mas também testemunhar com coerência, no próprio perfil digital e no modo de comunicar, escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o Evangelho, mesmo quando não se fala explicitamente dele. Aliás, também no mundo digital, não pode haver anúncio de uma mensagem sem um testemunho coerente por parte de quem anuncia. Nos novos contextos e com as novas formas de expressão, o cristão é chamado de novo a dar resposta a todo aquele que lhe perguntar a razão da esperança que está nele (cf. 1 Pd 3, 15)….Para os agentes da comunicação, invoco de Deus, por intercessão do Patrono São Francisco de Sales, a capacidade de sempre desempenharem o seu trabalho com grande consciência e escrupulosa profissionalidade, enquanto a todos envio a minha Bênção Apostólica.”
Vaticano, Festa de São Francisco de Sales, 24 de Janeiro de 2011.
Para as células de Evangelização:
1-      Quais são as oportunidades de bem e os perigos que notais no mundo digital em vossas famílias?
Pe.Marcelo

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