No Domingo Passado, Pentecostes, vivemos a Revelação da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: O Espírito Santo. Porém, aquilo que não sabemos de Deus é muito mais do que aquilo que d’Ele conhecemos. A respeito disso já escrevia Santa Catarina de Sena: “Vós, Trindade Eterna, sois como um mar profundo, no qual quanto mais procuro, mais encontro, e quanto, mais encontro, mais cresce a sede de vos procurar. Saciais a alma, mas de um modo insaciável, porque, saciando-se no vosso abismo, a alma permanece sempre faminta e sedenta de Vós, ó Trindade Eterna, desejando ver-Vos com a luz da Vossa luz.”
A mente humana, não consegue por si só, abarcar todo o Mistério de Deus. Permanece sempre para nós um mistério. Por isso dizemos: “Mistério da Santíssima Trindade”. Porém, o que sabemos de Deus, porque Ele nos quis assim revelar, já nos basta para podermos ter a verdadeira ciência, que é a ciência do amor. São João assim nos diz: “Ninguém, jamais viu a Deus. Se nos amarmos mutuamente, Deus permanece em nós, e o seu amor em nós é perfeito. Damos conta de que permanecemos nele, e Ele em nós, por nos ter feito participar do seu Espírito.” (1 Jo 4, 12-13) Ou seja, mesmo não podendo abarcar com nossa limitada razão a imensidão do Mistério de Deus, podemos viver, no entanto, uma vida “trinitária”, ou seja, uma vida de comunhão e de imitação da Santíssima Trindade por aquilo que Deus já nos quis revelar. A Santíssima Trindade é Comunhão da mesma Natureza e diversidade de Pessoas. E nós fomos criados nesta “forma”. Deus, chama-nos portanto a uma vida antes de tudo, de Comunhão com a Santíssima Trindade: “Nesse dia compreendereis que Eu estou no Pai, e vós em Mim, e Eu em vós” (Jo 14, 20) Santo Hilário explicava-nos: O Filho está no Pai porque tem a mesma Natureza do Pai. Nós estamos no Filho pela natureza humana que ele uniu a si na Pessoa do Verbo Encarnado; Ele está em nós por meio do Sacramento: “Quem realmente come a minha Carne e bebe o meu Sangue fica a morar em mim e Eu nele”. (Jo 6,56) Porém o Senhor não nos chama somente a uma vida de comunhão, mas também a uma vida de imitação.
A Trindade é comunhão da mesma Natureza, mas também diversidade de Pessoas. Três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Como imitação devemos amar e louvar a Deus por toda a beleza da diversidade, de modo especial na Família e na Igreja, para não falar noutros âmbitos. Aqui entra para as nossas famílias o respeito pelas personalidades distintas, pelos dons e carismas distintos no âmbito da Santa Igreja.
A Santíssima trindade não é só diversidade, mas também comunhão de pessoas. Por isso a exortação do Senhor de procurarmos sempre mantermos a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Na Santíssima Trindade isto é simples pelo simples facto dela ser “Santíssima”. Em nós a comunhão fraterna envolve sempre, em primeiro lugar um esforço contínuo de purificação e arrependimento de nossos pecadospessoais. São João afirma: “Eis a mensagem que ouvimos de Jesus e vos anunciamos: Deus é luz e nele não há nenhuma espécie de trevas. Se dizemos que temos comunhão com Ele, mas caminhamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Pelo contrário, se caminhamos na luz, como Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros e o sangue do seu Filho Jesus purifica-nos de todo o pecado. Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós. Se confessamos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a iniquidade” (1Jo 1,5-10).
Além do esforço de conversão pessoal para viver na luz, pelo simples facto de sermos pecadores e imperfeitos, esta comunhão implicará invariavelmente em esforço de perdão e correcção fraterna sempre que for necessário, respeitando a ordem que Jesus ensinou: Primeiro corrigir sozinho o irmão; se não resultou, corrigir com uma testemunha, e só no terceiro momento, se não resultou os dois primeiros, dizer à Igreja, ou quem exerce autoridade na mesma. Tantas vezes não se respeita esta ordem, gerando tantos conflitos desnecessários na Igreja e nas famílias. Dizia sobre isso São Cipriano: “Deus quer que sejamos homens de paz e concórdia, unânimes em sua casa, e que perseveremos na nossa condição de renascidos para a vida nova: se somos filhos de Deus, conservemo-nos em paz com Deus, e se temos um só Espírito, tenhamos também um só coração e uma só alma. Por isso Deus não aceita o sacrifício do que vive em discórdia, e manda retirar-se do altar para ir reconciliar-se com seu irmão, porque só as orações de um coração pacífico poderão obter a reconciliação com Deus. O sacrifício mais agradável a Deus é a nossa paz e concórdia fraterna e um povo cuja união é reflexo da unidade que existe entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.”
Para as Células de Evangelização:
1- Como o Mistério da Santíssima Trindade pode inspirar a vivência das nossas famílias e da comunidade da Igreja?
Pe. Marcelo
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