Deus, Amor Infinito
Meditação XXIX
“O amor infinito e a infinita misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, em tudo o que fez por nós, nos anos de sua pregação”
Nesta XXIX meditação Vicente Pallotti apresenta suas considerações sobre o infinito amor e a infinita Misericórdia de Jesus em tudo o que fez por nós nos anos de sua pregação.
Pelo Batismo recebemos o dom da fé, nos comprometemos a seguir e imitar Jesus Cristo em nosso ser e agir. Este seguimento exige que percorramos um itinerário de formação, de conhecimento e de vivência da Palavra de Deus para sermos testemunhas vivas do ser amor e misericórdia.
A encarnação do Verbo veio restabelecer a comunhão com o Pai, rompida por causa do pecado, e revelar que o Pai nos ama com infinito amor. Quanto mais uma pessoa penetra no conhecimento, meditação e contemplação da Palavra mais compreende sua própria dignidade, pois, gratuitamente, foi criada à imagem e semelhança de Deus. Isto encanta e suscita absoluta confiança num Deus capaz de amar desta maneira.
O objetivo da pregação de Jesus foi revelar ao mundo que o Pai sempre deseja a felicidade de cada indivíduo. Esta felicidade consiste em crer no seu Filho unigênito, reconhecendo seu infinito Amor e sua infinita Misericórdia. Em Lc 4, 16ss encontra-se a descrição da missão de Jesus: libertar a pessoa das amarras que impedem realizar e fazer acontecer o Reino de Deus. Livre dos males físicos e iluminado pela fé o ser humano tem condições de, não apenas de perceber os sinais do Reino, mas também sente-se interpelado a colaborar para a sua concretização. Esta revelação de Jesus foi motivo de discórdia e desentendimento entre os doutores da lei. O Reino era concebido numa dimensão legal e política, mas para Jesus a concepção era outra.
Considerando a história da Salvação verifica-se que o povo de Israel, povo escolhido, durante os quarenta anos de peregrinação pelo deserto viveu experiências de grandes provações e sofrimentos, mas Deus que lhes havia prometido sua presença em nenhum momento o abandonou.
Por isso, em diversas partes do AT encontram-se expressões muito significativas que revelam o amor, a predileção de Deus para com seu povo escolhido. Citamos algumas: “... nada temas Israel, pois eu te resgato, te chamo pelo nome, és meu. Eu sou o Senhor teu Deus, és precioso aos meus olhos. ... eu te aprecio e te amor... fica tranquilo, pois estou contigo” (cf Is 43, 2ss). Em outra passagem diz: “Não basta que sejas meu servo vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha salvação até os confins da terra”. “Teu nome esta gravado na palma da minha mão” (Is 49, 6ss).
A Palavra de Deus encerra belíssimas surpresas. O nome de Israel pode ser substituído pelo nosso próprio nome, as palavras dirigidas a ele ouvimo-las como dirigidas ao nosso coração. Esta experiência confirma o amor que Deus tem para conosco, é ele que nos sustenta na caminhada espiritual e nos ajuda a superar as dificuldades na vida.
Certamente cada pessoa, em sua vida passa por provações, situações onde tudo parece perder o sentido. São momentos em que Deus prova a fé, contudo, Ele sempre é fiel à sua promessa “não temas estou contigo”. Considerando essas dificuldades à distância de tempo, numa dimensão de fé sentimos a necessidade de exclamar: Não fosse a presença e a graça de Deus não teria conseguido superar tais dificuldades. Mediante a fé percebemos que a história da salvação não é algo do passado, mas Deus continua construindo a história de cada pessoa, única e irrepetível.
Vicente Pallotti, homem de Deus, passou por estas experiências, isto o fez reconhecer com profunda alegria e gratidão o infinito amor de Deus. Motivado por tal amor sentiu o apelo de comunicar ao mundo a boa notícia do Infinito Amor de Deus por nós. Hoje nós somos chamados a proclamar por palavras e ações esta Boa Nova a toda a humanidade. Quem experimenta o Senhor não pode permanecer de braços cruzados.
Tal era a consciência desta realidade que o levou a exclamar: “O que querias que eu fosse, ó Deus, quando me fizeste à tua imagem e semelhança? Exatamente isto: que eu me assemelhasse a Ti.Que na minha vida fosse: Luz da tua luz, justiça da tua justiça, amor do teu Amor, santidade da tua Santidade” (cf OOCC X, 483).
Contemplando este Deus imenso, eterno e incompreensível Pallotti se extasiava, perdia as palavras, sentia-se nada e pecado, necessitado infinitamente da graça, mas ao mesmo tempo, sentia-se amado de tal forma que dizia com o salmista: o abismo do nada atrai o abismo do tudo. Não foi por acaso que Pallotti nos deixou o apelo de meditarmos diariamente 1Cor 13, 1-13, onde encontramos a essência da nossa caridade, isto é, amor a Deus e ao próximo.
Entendemos que Pallotti, com esta meditação deseja que também nós experimentemos e reconheçamos o amor de Deus Pai para conosco, através dos ensinamentos de Jesus Cristo, seu Filho. Tal reconhecimento nos impele a tornar visível o amor de Deus em nossa missão apostólica, junto aos empobrecidos e mais necessitados.
Supliquemos a Maria, Mãe do Divino Amor que nos ajude no processo de identificação com seu Filho Jesus, a fim de realizar as palavras ditas aos serventes nas Bodas de Caná “Fazei tudo o Ele vos disser” (Jo 2,5).
Para refletir:
1. Constate em que situações de sua vida você pode experimentar o amor misericordioso de Deus.
2. Como você e os demais membros da UAC podem vivenciar os ensinamentos de Jesus neste mundo globalizado?
3. Como o seu grupo valoriza a Palavra de Deus em sua caminhada?
4. Componha o seu salmo de louvor a Deus por seu infinito amor e sua infinita misericórdia e partilhe com seu grupo.
Oração
Jesus meu, irmão meu amorosíssimo, mestre de vida eterna, taumaturgo indefectível!
Quando lembro tudo o que por nós tendes ensinado, operado e sofrido nos anos da vossa celeste pregação, embora tenha continuamente presente a minha ingratidão, não perco a esperança, ao contrário, sinto que ela cresce em mim.
Assim, pela mesma vossa infinita misericórdia, pelos vossos méritos, pelos méritos e intercessão de Maria santíssima e de todos os anjos e santos, tenho firme confiança de que me dareis a perfeita contrição de todos os meus pecados. Confio que me concedereis graça eficaz e perpétua, para eu levar a prática toda a vossa celeste dotrina. Para eu viver sempre na esperança de que, a todo instante, realizareis sempre novos prodígios de vida eterna na minha alma. Fareis com que eu me valha de todos os vossos sofrimentos, até o ponto de chegar a suportar e amar o sofrimento como seja de vosso agrado, também o puro sofrimento, a fim de me tornar em tudo semelhante a vós. Amém.
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