“Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo”. (1 Cor 11,1) Ou pela negativa: “Não vos torneis ocasião de escândalo, nem para os judeus, nem para os gregos, nem para a Igreja de Deus.” (1 Cor 10, 32)
Decididamente, Nosso Senhor assim o fez, de modo que o teor da nossa fé e caridade sempre influenciarão naqueles que estão ao nosso redor. Deus fez o progresso de uns depender do progresso dos outros. Usando uma comparação ouvida de um colega padre, estamos como os alpinistas. Normalmente os que fazem tais escaladas se ligam uns aos outros por meio de cordas, de modo que se um cair, os outros podem sustentá-lo. Pois bem, estamos a escalar a grande “montanha da santidade” que é Cristo.
E já que a nossa virtude ou o nosso pecado influenciam nos outros, Nosso Senhor quis que nós recebêssemos também o perdão pelo ministério de um outro irmão. A primeira leitura fala das repercussões sociais da doença da lepra, excluindo a pessoa doente do convívio normal do resto dos homens. Era um direito da sociedade, pois deveria proteger-se de uma epidemia que poderia dizimar a população. A liturgia dá a entender claramente que a lepra é uma imagem do pecado. Basta vermos o Salmo que a Igreja escolheu: “Feliz aquele a quem é perdoada a culpa e absolvido o pecado. Feliz o homem a quem o Senhor não acusa de iniquidade e em cujo espírito não há engano.” (Salmo 31,1-2)
Jesus, no Evangelho, não admitiu prontamente o doente de lepra ao convívio social, mas se aproximou dele, tocou-o curou-o e só depois ordenou que ele fizesse um acto público de reinserimento no convívio normal das pessoas: “ …vai, antes, mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que foi estabelecido por Moisés, a fim de lhes servir de testemunho.” (Mc 1,43,44) Jesus não ignorou que a pessoa tinha lepra e o readmitiu pura e simplesmente ao convívio social. Primeiro curou-a com Misericórdia infinita, e depois reintegrou-a na sociedade. Também assim o é no campo moral. São Paulo nos repete: “Não vos torneis ocasião de escândalo, nem para os judeus, nem para os gregos, nem para a Igreja de Deus.” (1 Cor 10, 32) O que é um escândalo? É um mal exemplo que depois corre o risco de difundir-se se não for corrigido. Hoje em dia vemos um grande escândalo por parte de altas autoridades em Portugal. O querer tornar legal o que é um desvio grave não somente da lei de Deus revelada, mas da própria lei natural. Jesus não quer excluir tais pessoas, mas quer curá-los para os reinserir no convívio normal da sociedade. A Igreja segue o exemplo de Jesus: não exclui, mas também não ignora que tais situações são uma doença e como tais devem ser tratadas e não oficializadas.
Jesus transgrediu várias leis judaicas, quando elas não estavam em conformidade com a rainha de todas as leis que é a lei da caridade: Por exemplo, tocar em um leproso, curar em dia de Sábado, falar com as mulheres, falar com os estrangeiros … Porém, não quis alterar esta lei judaica: “…vai, antes, mostrar-te ao sacerdote.” (Mc 1,44) É um sinal de que Cristo quis que isto continuasse na nova ordem estabelecida por Ele. Assim o Sacramento da Reconciliação continua a ser uma arma poderosíssima em que o homem pecador encontra alívio e reconciliação com Deus, com os outros e consigo mesmo. O leproso do Evangelho não obedeceu a Cristo inteiramente: “ Ele, porém, assim que se retirou, começou a proclamar e a divulgar o sucedido, a ponto de Jesus não poder entrar abertamente numa cidade; ficava fora, em lugares despovoados. E de todas as partes iam ter com Ele”. (Mc 1,45) Resultado: Ele já não podia entrar livremente nas cidades e aldeias. Desobediência! Nosso Senhor continua a dizer a mim e a você que muitas vezes, mais levemente ou mais gravemente somos contaminados pela lepra do pecado: “ …vai, antes, mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que foi estabelecido por Moisés, a fim de lhes servir de testemunho.” (Mc 1,43,44) Ou seja: “Confessa-te e faz reparação pelas tuas faltas com um firme propósito de emenda”.
Não podemos ser tolos e desobedientes. A santidade da nossa Igreja depende da nossa santidade. O que mereceria alguém que não por acidente, mas de propósito, durante a escalada de uma montanha, amarrado aos companheiros, começasse a brincar soltando-se da pedra só porque estava amarrado aos outros para que eles o sustentassem? Colocaria em risco todo o grupo. Todos poderiam soltar-se da rocha e acabar caindo no precipício. Não podemos brincar de modo algum de nos soltarmos da Rocha que é Cristo Jesus. Pelo contrário, devemos fincar novos ganchos à “Rocha”, incentivar os irmãos cansados e abatidos, e não incentivá-los a ficar no seu erro. Assim as nossas famílias, as nossas comunidades e pastorais chegarão todos à meta a que Cristo nos destina.
Procuremos fazer de nossas vidas um exemplo para os irmãos como São Paulo que nos diz: “Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo”. (1 Cor 11,1)
Para as células de Evangelização:
1- A lepra, no tempo de Jesus era assinalada e colocada de parte até que fosse curada e a pessoa se mostrasse ao sacerdote. Nosso Senhor não quis mudar esta lei como sinal de um sacramento da Nova Aliança. Que situações de “lepra moral” tendem a ser “incluídas” na sociedade sem prévia cura, até por meio de leis, com o perigo de tornarem-se epidemias?
Pe.Marcelo
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