sexta-feira, 21 de agosto de 2009

EU E A MINHA CASA SERVIREMOS O SENHOR

Para nós todos é muito claro a importância fundamental que a família exerce em nossa vida. Deste modo, Nosso Senhor que é o autor da família, hoje nos chama a fazermos parte da Sua grande família que é a Igreja que tem muito a iluminar cada família particular.

Na primeira leitura de hoje vemos Josué reunindo uma assembleia do povo de Deus em Siquém, antes que eles se dispersassem para tomar posse da terra prometida que já tinham, com a ajuda de Deus, conquistado. Depois de fazer um longo discurso lembrando de todos os factos prodigiosos que o Senhor tinha operado em favor deles até aquele dia, Josué coloca ao povo uma decisão muito importante: “E se vos desagrada servi-lo, então escolhei hoje aquele a quem quereis servir: os deuses a quem vossos pais serviram, do outro lado do rio, ou os deuses dos amorreus cuja terra ocupastes, porque eu e a minha casa serviremos o Senhor.” (Josué 24,15) Porque Josué disse “eu e minha casa serviremos o Senhor” e não somente “eu servirei”? A resposta é muito clara: a influência que o matrimónio tem na vida das pessoas. Josué sabia dos riscos de, através do casamento com pessoas de outros povos, eles irem adquirindo hábitos pagãos. De facto, mais tarde no Salmo 106 Nosso Senhor queixa-se: “…misturaram-se com esses povos e aprenderam os seus costumes. Prestaram culto aos seus ídolos, que foram para eles uma armadilha.” (Salmo 106,35) Não é um facto, hoje em dia, que muitos jovens cristãos se afastam de Deus e da Igreja na época do namoro? Muitos, felizmente, depois retornam.Na segunda leitura e no Evangelho vem falando da grande família de Deus que é a Igreja. Vemos como a Eucaristia “faz a Igreja”: “Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e Eu vivo pelo Pai, também quem de verdade me come viverá por mim.” (Jo 6,56) “A partir daí, muitos dos seus discípulos voltaram para trás e já não andavam com Ele.” (Jo 6,66). Jesus porém não voltou atrás no que dissera, nem disse que eles tinham entendido errado. Pelo contrário, “… disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora? (Jo6,67) Simão Pedro, não responde só em seu nome, mas como um novo Josué, falando no plural, responde em nome da família que é a Igreja: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! Por isso nós cremos e sabemos que Tu é que és o Santo de Deus.» (Jo6,68-69)

Comungar o Corpo de Cristo é comungar o Cristo todo, inclusive com os desejos do Seu Coração. É por isso que a oração inicial da Santa Missa de hoje (colecta) reza assim: “Senhor Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num único desejo, fazei que o vosso povo ame o que mandais e espere o que prometeis, para que no meio da instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontra as verdadeiras alegrias. Por Nosso.….” E qual o único desejo do Coração de Jesus? Fazer a vontade do Pai, submeter-se ao Pai que lhe submeteu todas as coisas. Ai se entende o que São Paulo recomenda às famílias cristãs: “Submetei-vos uns aos outros, no respeito que tendes a Cristo: as mulheres, aos seus maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da Igreja - Ele, o salvador do Corpo…Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela,…” (Ef 5,21.25) Alguns, com a mentalidade moderna, escandalizam-se com as palavras de São Paulo. Esquecem-se do detalhe do início da recomendação: “…no respeito que tendes por Cristo.” Existiu alguém que obedeceu mais do que Jesus? Obediente ao Pai no mistério da Encarnação; obediente às suas criaturas: seu pai adoptivo, José e sua mãe Maria Santíssima; rezava para descobrir a vontade do Pai; obedeceu até a morte e morte de cruz. “Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo e lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome…”. (Ef 2,9) Esquecem-se também que esta submissão é mútua: A mulher que respeita o marido provoca um efeito colateral maravilhoso: o marido ama-a e acaba por submeter-se-lhe também. Num casamento, Jesus e Maria, protótipos da humanidade renovada, deram um lindo exemplo disso aos recém casados: “«Não têm vinho!» Jesus respondeu-lhe: «Mulher, que tem isso a ver contigo e comigo? Ainda não chegou a minha hora.» Sua mãe disse aos serventes: «Fazei o que Ele vos disser!» (Jo 2,3-4) E o milagre aconteceu. Sujeição mútua por amor: Impossível? Com Deus, na oração, com Jesus Eucarístico é possível.
Pe. Marcelo

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