sábado, 29 de maio de 2010

DOMINGO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

No Domingo Passado, Pentecostes, vivemos a Revelação da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: O Espírito Santo. Porém, aquilo que não sabemos de Deus é muito mais do que aquilo que d’Ele conhecemos. A respeito disso já escrevia Santa Catarina de Sena: “Vós, Trindade Eterna, sois como um mar profundo, no qual quanto mais procuro, mais encontro, e quanto, mais encontro, mais cresce a sede de vos procurar. Saciais a alma, mas de um modo insaciável, porque, saciando-se no vosso abismo, a alma permanece sempre faminta e sedenta de Vós, ó Trindade Eterna, desejando ver-Vos com a luz da Vossa luz.” A mente humana, não consegue por si só, abarcar todo o Mistério de Deus. Permanece sempre para nós um mistério. Por isso dizemos: “Mistério da Santíssima Trindade. Porém, o que sabemos de Deus, porque Ele nos quis assim revelar, já nos basta para podermos ter a verdadeira ciência, que é a ciência do amor. São João assim nos diz: “Ninguém, jamais viu a Deus. Se nos amarmos mutuamente, Deus permanece em nós, e o seu amor em nós é perfeito. Damos conta de que permanecemos nele, e Ele em nós, por nos ter feito participar do seu Espírito.” (1 Jo 4, 12-13)

Ou seja, mesmo não podendo abarcar com nossa limitada razão a imensidão do Mistério de Deus, podemos viver, no entanto, uma vida trinitária, ou seja, uma vida de comunhão e de imitação da Santíssima Trindade por aquilo que Deus já nos quis revelar. A Santíssima Trindade é Comunhão da mesma Natureza; há diversidade de Pessoas em Deus, e a submissão do Filho ao Pai, que lhe submete todas as coisas. E nós fomos criados nesta “forma”. Deus, chama-nos portanto a uma vida antes de tudo, de Comunhão com a Santíssima Trindade: “Nesse dia compreendereis que Eu estou no Pai, e vós em Mim, e Eu em vós” (Jo 14, 20) Santo Hilário explicava-nos: O Filho está no Pai porque tem a mesma Natureza do Pai. Nós estamos no Filho pela natureza humana que ele uniu a si na Pessoa do Verbo Encarnado; Ele está em nós por meio do Sacramento: “ Quem realmente come a minha Carne e bebe o meu Sangue fica a morar em mim e Eu nele”. (Jo 6,56) Porém o Senhor não nos chama somente a uma vida de comunhão, mas também a uma vida de imitação: “É nisto que consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele mesmo que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados. Caríssimos, se Deus nos amou assim, também nós devemos amar-nos uns aos outros.” (1 Jo 4, 10 s.) A Trindade é comunhão da mesma Natureza, mas também diversidade de Pessoas. Três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Como imitação devemos amar e louvar a Deus por toda a beleza da diversidade, de modo especial na Família e na Igreja, para não falar noutros âmbitos. Aqui entra para as nossas famílias o respeito pelas personalidades distintas, pelos dons e carismas distintos no âmbito da Santa Igreja. A Santíssima Trindade não é só comunhão e diversidade, mas também sujeição mútua: O Pai submete todas as coisas ao Filho e este anseia por submeter-se a si mesmo e todas as coisas ao Pai. Nosso Senhor diz-nos que este era mesmo o seu alimento: “Eu tenho um alimento para comer que vós não conheceis. …O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e consumar a sua obra.” (Jo 4, 32 ss.); “Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo não se faça a minha vontade mas a tua.” (Lc 22, 42) Nosso Senhor não só se submeteu ao Pai do Céu em tudo, mas também àquela imagem linda da Santíssima Trindade aqui na terra que é a Sagrada Família. Depois de tê-lo encontrado no templo entre os doutores da Lei, o Evangelho de São Lucas diz-nos que Jesus “voltou com Nossa Senhora e São José para Nazaré e era-lhes submisso.” (Cf. Lc 2,51) Desse modo, embora não possamos abarcar com a nossa limitada razão todo o Mistério de Deus, Uno e Trino, podemos viver, principalmente no âmbito das nossas famílias e da Santa Igreja, uma vida Trinitária: Uma vida de comunhão de amor no Espírito Santo; uma vida de respeito e apresso pela diversidade, que é uma expressão da insondável riqueza de Cristo; e uma vida de obediência corresponsável aos nossos legítimos superiores, e no que não seja pecado ou irrelevante até mesmo aos nossos pares e subordinados. Assim viveremos uma vida Trinitária de Comunhão, diversidade e sujeição mútua. Não esqueçamos, porém, que a nossa Igreja e as nossas famílias são “Misterium lunae”, são como a lua: para ter luz precisa receber a luz do Sol. Assim também a Igreja e as nossas famílias são imagens da Trindade Santíssima, mas reflectem essa luz enquanto iluminadas por Ela. Por isso a necessidade da oração perseverante.

Para as Células de Evangelização:

1-      Como o Mistério da Santíssima Trindade pode inspirar a vivência das nossas Famílias?

Pe. Marcelo

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