A contribuição da União do Apostolado Católico
para a missão da Igreja no mundo de hoje
Pe. Ângelo Lôndero, SAC
angelo@pallottism.com.br
Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria (Documento de Aparecida, 29).
1. Introadução
Começo dizendo que nesta minha reflexão gostaria de ser escutado não como um catedrático, mas como um irmão que deseja partilhar, ainda que com temor e tremor, uma reflexão teológico/pastoral, centrada no campo da eclesiologia, a partir da realidade em que vivo, isto é, o Brasil e, por extensão, o continente latino-americano. Quer ser um diálogo entre irmãos, de coração para coração.
Para entender a minha reflexão é importante deixar claro no início desta apresentação, que a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam, e por isso todo o ponto de vista é a vista de um ponto. Assim, talvez, ela carrega a limitação de não ter um alcance mundial.
Ao começar a redação deste texto, pensei qual seria a procedência dos meus ouvintes. Depois de recordar a presença da família palotina no mundo, concluí que muitos viriam de regiões onde o trabalho da evangelização exige muita doação e sacrifício. Aí, então, recordei a passagem do Apocalipse: “Estes são os que vêm da grande tribulação” (Ap 7,14).
Esta palestra está anunciada no programa do Congresso – Viver a missão na Igreja hoje - uma reflexão sobre a Igreja contemporânea, as suas prioridades e desafios, indicando algumas linhas de ação para a missão da União do Apostolado Católico. Será uma tentativa de aprofundar a nossa missão de evangelizadores, na Igreja e no mundo de hoje, à luz do carisma e da espiritualidade de São Vicente Pallotti.
O tema que me foi proposto é extenso e complexo. Diante da limitação de tempo para esta comunicação e pelos limites de seu autor, ele será apresentado de forma resumida, ficando o convite para que outros levem adiante a tocha que foi acesa, continuando assim a construção do trabalho aqui iniciado.
2. O mundo, teatro da história humana, nos interpela
Aqui vamos ver como se configura o mundo contemporâneo no qual a Igreja deve desenvolver a sua missão evangelizadora, porque antes de aplicar a terapia é necessário fazer o diagnóstico da doença.
No seu evangelho, São Mateus nos faz uma incisiva advertência, recordando as palavras de Jesus que nos exorta a reconhecer o tempo justo pelos sinais (cf. 16,2-3).
Há 45 anos, o Concílio Vaticano II dizia que para cumprir a sua missão, a Igreja deve investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do evangelho para poder responder, de modo mais adaptado a cada geração, as perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e futura.
Vivemos numa época de extraordinária turbulência, com profundas e sucessivas mudanças socioculturais que afetam o nosso mundo, trazendo novos e sérios desafios para a missão da Igreja. Um olhar sobre o mundo de hoje, como discípulos e missionários de Jesus Cristo e continuadores da obra de São Vicente Pallotti, nos leva a perceber as luzes e sombras do nosso tempo. Esta mudança de época, mais do que uma época de mudanças, nos aflige, mas não nos leva ao desespero, porque confiamos na promessa de Jesus de Nazaré: “’Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).
Essas profundas transformações, caracterizadas como o fenômeno da globalização, têm um alcance global que, com diferentes matizes, afetam o mundo inteiro, atingindo todas as dimensões da vida humana. É fora de qualquer dúvida que vivemos um tempo muito especial e não existem respostas simples para questões tão complexas. É como se tivessem mudado todas as perguntas quando já sabíamos as respostas. Os acontecimentos do mundo nos causam perplexidade.
3. Igreja – Mundo – Reino de Deus
O título de um dos documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II,diz que não é o mundo que está dentro da Igreja, mas a Igreja é que está dentro do mundo; e tanto no mundo como na Igreja passa o Reino de Deus. O povo de Deus está presente em todas as nações da terra e a Igreja é sinal de salvação no mundo. Ela quer compreender-se a partir da sua missão no mundo. Hoje constatamos a redescoberta da sua identidade eclesial, e a retomada de sua missão redentora no mundo. A partir de uma intuição profundamente missionária e aberta ao mundo, a Igreja está chamada a conhecer sempre mais a sua identidade para saber qual é a sua missão, pois a ordem do ser determina a ordem do agir. No discurso de abertura da segunda sessão conciliar (29.09.1963), Paulo VI afirmava que “não há dúvida de que a Igreja deseja e até se reconheça obrigada por necessidade intríseca e por dever a dizer claramente o que pensa de si mesma”. Ela recebeu do ressuscitado a missão de “fazer com que todas as nações se tornem discipulos” (Mt 28,19). Vemos aqui que o coração da missão não é sair, partir, mas tornar-se discípulo e convidar outros a se tornarem também.
Uma outra afirmação iluminadora para a nossa missão nos vem do Documento de Puebla, onde diz:
A Igreja tem conquistado paulatinamente a consciência cada vez mais clara e profunda de que a evangelização é sua missão fundamental e de que não é possível o seu cumprimento sem que se faça o esforço permanente para reconhecer a realidade e adaptar a mensagem cristã ao homem de hoje, dinâmica, atraente e convincentemente.
Assim fica claro que a missão fundamental da Igreja é a evangelização a partir do conhecimento da realidade. É necessário escutar a Deus e a realidade, ou melhor, escutar a Deus na realidade.
Na missão se expressa a identidade da Igreja, pois no dizer de Paulo VI, “evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar”. Vale dizer: a Igreja se constitui na evangelização. No dia em que a Igreja deixa de evangelizar, ela não é mais a Igreja de Jesus Cristo.
Além de tomar consciência de que a sua missão fundamental é a evangelização, ela compreende que não pode cumprir a sua missão sem perceber as mudanças da realidade. A missão não é uma fuga da realidade para um mundo exclusivamente espiritual, mas deve conduzir ao coração do mundo.
Não gostaríamos que se repetisse conosco a história do filme “O Dorminhoco”, de Woody Allen. Conta a história de um homem que sofria de doença incurável. Foi congelado e guardado numa câmara frigorífica, até que a humanidade tivesse o remédio para tal doença. No século XXI, os cientistas descongelam o homem e o curam. Só que ele acorda pensando ter dormido oito horas. Usa roupas diferentes, fala uma língua antiquada e não conhece ninguém que encontra na rua. Essa história se parece com certas situações, em que a pessoa não se dá conta de que o mundo mudou e ela vive como o dorminhoco que acordou em uma época nova e desconhecida. Se nós não conhecermos a realidade e não propusermos o nosso carisma de forma nova aos homens e mulheres de hoje, correremos o risco de ser como “ O Dorminhoco”, do cineasta Woody Allen.
4. O grande desafio da Igreja: compreender a nova situação do mundo
Também a Igreja está vivendo uma fase histórica e até mesmo fascinante, mas nem por isso, menos complexa e desafiadora.
Se a sociedade vive hoje uma profunda crise de paradigmas econômicos, culturais e políticos, o mesmo acontece no campo da religião. Busca-se um sentido para a vida. Viktor Frankl dizia que os homens do século XX, tinham muito mais meios para viver, mas muito menos razões para viver e “o homem – dizia ele – pode suportar tudo, menos a falta de sentido”. E isto continua válido, porque a espiritualidade responde a uma aguda aspiração da alma humana. Já dizia Paulo VI: “Nós vivemos na Igreja um momento privilegiado do Espírito”. Por isso constatamos hoje uma intensa busca de espiritualidade. É a “volta ao sagrado” e a “sede de Deus” presente em todas as classes sociais. Já dizia André Malraux que “o século XXI será místico ou não existirá”.
Gabriel Marcel falava do homem do século XX, como um homem fragmentado, que ao perder a dimensão do divino em sua vida, perdeu a sua unidade interior. Enquanto não se abrir para a transcendência, o homem permanecerá fragmentado e infeliz, como disse Santo Agostinho: “Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousar em Ti”. Isto parece estar profundamente presente neste início de século.
Aquilo que muitos acreditavam que destruiria a religião – a tecnologia, a ciência, a democracia, a razão e os mercados – tudo isto está se combinando para fazê-la ficar mais forte. Hoje, com a internet, o jovem conversa com todo o mundo e conhece novas religiões. A internet virou um templo. Mais talvez que isso, ela se converteu no veículo ideal de uma religião que não se submete a nenhuma disciplina. Na religião, como na política e nos costumes, existe rebeldia. Os filhos não seguem mais os pais na sua prática religiosa. O jovem não decide ser católico só para seguir a religião dos pais. Muitos jovens dizem que continuam católicos, que a sua fé não mudou, mas não frequentam a Igreja. Para eles, a fé não depende da Igreja para existir.
As instabilidades sociais se refletem no campo religioso. Como hoje o homem não possui mais uma profissão para toda a vida, seria portanto normal que não tivesse sempre a mesma prática religiosa. Toma-se da religião aquilo que serve. Vai-se mudando de religião conforme a necessidade e o gosto.
Vemos que a mentalidade individualista alastrou-se também no campo religioso. As pessoas escolhem sua religião num contexto pluralista. Mesmo aderindo a uma instituição religiosa, tendem a escolher crenças que lhes agradem subjetivamente, com fraco sentido de pertença institucional.
Aumenta o número dos que recusam a adesão a qualquer instituição religiosa e consideram suas convicções uma “religião invisível”, com pouca ou nenhuma prática exterior.
A religião é vista numa ótica utilitarista, por oferecer bem-estar interior, terapia ou cura de males, sucesso na vida e nos negócios, como aparece na chamada “teologia da prosperidade”.
Assim é a realidade do homem contemporâneo. É para esta realidade que a Igreja é chamada a proclamar com coragem, entusiasmo e criatividade a mensagem perene do Evangelho. É dentro dessa mundo que somos chamados a falar de Deus. Falar de um Deus que muitos nem conhecem mais, do qual ouviram falar, mas que se encontra muito longe da sua convivência cotidiana. Tão longe que muitos já o esqueceram. Outros por sua vez o temem, e por causa disso, fogem dele.
5. Um carisma a serviço da missão da Igreja
É com a força do carisma herdado de São Vicente Pallotti e, atendendo o apelo do Papa que nós queremos buscar possíveis respostas aos desafios do mundo de hoje. No fim da primeira década deste Terceiro Milênio, somos convocados, como continuadores da obra de Vicente Pallotti, a oferecer a nossa contribuição específica no processo de evangelização da Igreja. Como bem disse João Paulo II, na homilia feita na igreja romana de SS. Salvatore in Onda, em 22 de junho de 1986: “Continuai a multiplicar o vosso empenho para que aquilo que profeticamente anunciou Vicente Pallotti, e o Concílio Vaticano II com autoridade confirmou, se torne uma feliz realidade, e todos os cristãos sejam autênticos apóstolos de Cristo na Igreja e no mundo!”.
Somos todos responsáveis. Responsáveis pelo nosso tempo, pela vida dos nossos irmãos e irmãs; somos responsáveis diante da nossa consciência cristã/missionária, diante de Cristo, da Igreja, da história, diante de Deus.
Vicente Pallotti, com grande sensibilidade, percebeu as enormes necessidades do seu tempo, tanto do mundo como da Igreja. Viveu numa época profundamente conturbada pelas consequências da Revolução Francesa e Romana. Nesse turbulento tempo em que lhe tocou viver e trabalhar, ele identificou os desafios, alguns permanentes e outros circunstanciais, e com profundo espírito evangélico buscou uma resposta tanto para as necessidades espirituais como para as materiais. Ao olhar o mundo com o olhar do Cristo apóstolo do Pai, Vicente Pallotti sentiu a necessidade de “despertar a fé e a consciência do chamado ao apostolado” de todos os cristãos, e assim multiplicar os operários evangélicos.
Como bem disse João XXIII, Vicente Pallotti “não se satisfez com o ministério ordinário, mas idealizou novos meios para fazer conhecer e amar a Deus”.
Jesus, o Apóstolo do Pai eterno, nos ajude a apossar-nos do coração apostólico de Vicente Pallotti, para sentir nos tempos atuais os apelos de Deus no campo da evangelização e buscar novos métodos de apostolado, despojando-nos de tudo quanto nos afasta da fidelidade ao seu carisma.
Na carta de Bento XVI ao Episcopado da América Latina e Caribe, referindo-se ao Documento de Aparecida, diz que nele “há numerosas e oportunas indicações pastorais, motivadas por ricas reflexões à luz da fé e do atual contexto social”.
Uma primeira indicação do Documento é o apelo para uma conversão profunda dos discipulos missionários de Jesus: “A conversão pastoral de nossas comundiades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária”. E continua dizendo:
Esta firme decisão missionária deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais de dioceses, paróquias, comunidades religiosas, movimentos e de qualquer instituição da Igreja. Nenhuma comunidade deve isentar-se de entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé.
Segundo o Documento de Aparecida, a conversão, antes de ser dirigido aos destinatários da missão, é uma exigência fundamental para a própria Igreja. Na mudança global a Igreja precisa mudar também, mas não apenas pastoralmente “seu jeito de ser”: ela precisa ser evangelizada de novo para converter-se numa Igreja cheia de ímpeto e audácia evangelizadora. Conversão é um convite para Igreja e não, primeiramente, para o mundo. Isto vem afirmado por Paulo VI:
Evangelizadora como é, a Igreja começa por se evangelizar a si mesma. Comunidade de crentes, comunidade de esperança vivida e comunicada, comunidade de amor fraterno, ela tem necessidade de ouvir sem cessar aquilo que ela deve acreditar, as razões da sua esperança e o mandamento novo do amor. Numa palavra, é o mesmo que dizer que ela tem sempre necessidade de ser evangelizada, se quiser conservar frescor, alento e força para anunciar o Evangelho.
Conclusão: o discípulo e missionário deve ser evangelizado, para ser evangélico e poder evangelizar.
6. Um novo modo de ser Igreja
Um dos objetivos desta reflexão é indicar algumas linhas para a missão da União do Apostolado Católico, oferecendo a nossa contribuição, a fim de melhor adequar o nosso apostolado palotino ao viver a missão com a Igreja de hoje.
Vicente Pallotti sonhou com uma Igreja onde não houvesse lugar para meros espectadores. Vendo a presença e trabalho da Família Palotina no mundo, constatamos que o seu sonho, em parte se tornou realidade, porque ele não sonhou sozinho. Aqui valem as palavras de Dom Hélder Câmara: “Se alguém sonha sozinho, é apenas um sonho. Mas quando sonhamos todos juntos, é o começo de uma nova realidade”. Existem, hoje, sinais que nos animam a continuar sonhando.
Para termos um ponto de referência que nos ajude no discernimento da nossa evangelização, vamos apresentar, de maneira simplificada, duas concepções eclesiológicas (dois projetos de Igreja), e consequentemente duas práticas pastorais.
a) A concepção eclesiológica do tempo de Vicente Pallotti ainda subsiste. É a Igreja que se apresenta como uma articulação de relações piramidais, radical distinção entre hierarquia e laicato e predomínio do poder clerical. Essa mentalidade está expressa numa declaração do papa Gregório XVI (1831-1846): “Ninguém pode ignorar que a Igreja é uma sociedade desigual na qual Deus reservou a alguns a missão de mandar e, a outros, de obedecer, estes últimos são os leigos; os demais são os eclesiásticos”.
Essa é a visão fundamental da eclesiologia oficial no período entre o Vaticano I e o Vaticano II, confirmada e ampliada por Pio X:
Daí resulta que essa Igreja é por essência uma sociedade desigual, isto é, uma sociedade que abrange duas categorias de pessoas, os Pastores e o rebanho, os que ocupam uma posição nos diferentes graus da hierarquia, e a multidão dos fiéis. E essas categorias são tão distintas entre si, que só no corpo pastoral residem o direito e autoridade necessária para promover e dirigir todos os membros ao fim da sociedade; quanto à multidão, essa não tem outro dever senão o de se deixar conduzir e, rebanho dócil, seguir os seus Pastores.
Esta visão não parece justificar-se diante da letra e sobretudo do espírito do Novo Testamento: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último e aquele que serve a todos” (cf. Mc 9,33-37). É necessário, portanto, superar possíveis estruturas de dominação, em nome de Jesus Cristo, que se revelou Servidor, sobretudo no exemplo do lava-pés. A opção de Jesus foi o serviço, não o poder. E assim deve ser a Igreja, como o Papa Paulo VI dizia, durante o Concílio: “A Igreja declara-se, de certa maneira, serva da humanidade.
b) A outra concepção, e que parece estar mais em sintonia com o Evangelho, vê a Igreja como uma comunidade articulada segundo relações de fraternidade, onde todos têm a mesma dignidade. Isto vem afirmado também no Estatuto Geral:
A igual dignidade dos membros da União se funda sobre a comum semelhança com o Criador e sobre o comum sacerdócio do Povo de Deus. Ela se expressa numa pluralidade de vocações para a vida laical, para a vida consagrada e para o ministério ordenado, tão coligadas que cada uma ajuda a outra a estar atenta ao crescimento contínuo e a prestar o próprio específico serviço.
Portanto, uma Igreja onde todos são irmãos, consagrados pela fé e pelo batismo, portadores de carismas que são chamados a colocar a serviço da comunidade eclesial e do mundo, assumindo, assim, solidariamente, a diaconia e o ministério de Jesus (cf. 1Cor 12-14; Rm 12). Portando, todos servidores, formando no mundo um povo de testemunhas do amor de Deus Pai.
Como continuadores de Vicente Pallotti, creio que somos convocados a trabalhar pelo aperfeiçoamento deste segundo projeto de Igreja, que se apresenta com traços bem marcantes.
7. Uma Igreja servidora
Uma Igreja que renuncia ao projeto de poder e se apresenta toda ministerial: “Há na Igreja diversidade de ministério, mas unidade de missão” . No espírito de Vicente Pallotti sonhamos com uma Igreja toda ministerial. Isto significa que os fiéis leigos não são simplesmente convidados ao apostolado, mas têm o direito e o dever de participar: “Foram destinados ao apostolado pelo próprio Senhor”. Discípulos de Jesus, desde o batismo os cristãos são missionários. Como herdeiros do carisma de Vicente Pallotti devemos devolver aos fiéis leigos a cidadania eclesial que receberam no batismo e não tratá-los como peões do clero. O fundamento do ser cristão não é o sacramento da ordem, mas o batismo. Paulo VI, no dia 01 de setembro de 1963, dizia:
Também eu tenho a certeza de que Vicente Pallotti foi um precursor. Ele antecipou de um século a descoberta de que também no mundo dos leigos existe uma grande capacidade de bem que, antes, era passiva, adormecida, tímida e incapaz de expressar-se. Ao sacudir a consciência do laicato, ele fez brotar energias novas, deu ao laicato consciência das suas possibilidades de fazer o bem, enriqueceu a comunidade cristã com uma quantidade de vocações. Não aceitação passiva e tranquila da fé, mas profissão ativa e militante desta mesma fé. Vicente Pallotti ensinou-nos a honrar a vocação, como se costuma dizer hoje, da idade adulta do laicato.
Aqui vale lembrar uma afirmação da Conferência de Santo Domingo: “Que todos os leigos sejam protagonistas da nova evangelização, da promoção humana e da cultura cristã. É necessário a constante promoção do laicato, livre de todo o clericalismo. Em síntese: “O que a alma é para o corpo, são os cristãos para o mundo”.
Por vocação própria, compete aos leigos procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, em toda e qualquer ocupação e atividade terrena, e nas condições ordinárias da vida familiar e social, com as quais é como que tecida a sua existência. São chamados por Deus para que, aí, exercendo o seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, concorram para a santificação do mundo a partir de dentro, como o fermento, e deste modo manifestem Cristo aos outros, antes de mais pelo testemunho da própria vida, pela irradiação da sua fé, esperança e caridade.
Portanto, realizar a missão da Igreja é tarefa de todo o cristão e da comunidade eclesial no seu conjunto. O sujeito eclesial é todo o Povo de Deus enquanto comunidade eclesial.
8. Uma Igreja da misericórdia/samaritana
No início deste ponto, recordemos as palavras de João Paulo II:
Nesta ocasião, desejo exortar cada um dos Membros da União a contribuir de modo concreto para a realização do desejo do Fundador, expresso com estas palavras: ao ver ou pensar nos pobres (...) quisera tornar-me comida, bebida, licor, vestuário... quisera ser transformado em luz para os cegos, fala para os mudos, ouvido para os surdos, saúde para os enfermos. O amor para com os pobres deverá, portanto, constituir uma exigência intrínseca e primária da União. Será, por isso, particular empenho de cada um, ajudar aos irmãos abandonados e marginalizados, defender a vida dos jovens, dos anciãos e dos excluídos; promover as ações caritativas destinadas a socorrer o próximo nas suas necessidades corporais e espirituais; como também instruir, aconselhar, consolar, confortar, perdoar e suportar com paciência. Estas são as obras com as quais São Vicente testemunhou a caridade fraterna e contribuiu para a edificação da civilização do amor.
Disto é fácil concluir que, segundo o sonho de Vicente Pallotti, devemos trabalhar para que a Igreja tenha os sentimentos do bom samaritano.
O evangelho nos revela um Deus que movido de compaixão se faz próximo daqueles que mais sofrem. O Deus revelado por Jesus é solidário com o sofrimento de cada pessoa humana. Ele supera o sofrimento não com discursos dirigidos aos que sofrem, mas libertando-os de suas tribulações.
Nunca em sua história, o mundo viveu tão intensamente este paradoxo: vivemos rodeados de morte e julgamos ser felizes. Estamos convencidos de caminhar para um mundo melhor, quando todos os nossos caminhos estão cheios de sofrimento e de cadáveres. A presença do pecado se manifesta em todas as cruzes que homens impõem a outros homens. Há milhões de crucificados que estão pendurados em alguma cruz. Jesus, em sua pregação e em sua prática, privilegiou a todos estes chamando-os de bem-aventurados. Ele veio para aliviar as cruzes da vida e criar um mundo onde ninguém precisasse colocar cruzes nas costas do próximo.
Assim, iluminados pelo Cristo, o sofrimento, a injustiça e a cruz nos desafiam a viver como Igreja samaritana (cf. Lc 10,25-37), recordando que “a evangelização vai unida sempre à promoção humana e à autêntica libertação cristã”.
A boa nova do Reino anunciada por Jesus deve nos interpelar diante do sofrimento do próximo, como recordava Paulo VI durante o Concílio: “No rosto de cada homem, especialmente quando suas lágrimas e dores o tornam transparente, podemos e devemos reconhecer o rosto de Cristo”. Estes rostos são ícones sagrados, verdadeiras imagens de Deus.
Diante da situação de sofrimento que existe no mundo, devemos voltar à parábola do bom samaritano (Lucas cap. 15). Certamente a primeira, a mais evangélica atitude do evangelizador, será a misericórdia do samaritano. A Igreja, qual samaritana, está chamada a reproduzir as palavras e gestos de Jesus, ouvindo o clamor dos que estão caídos à beira da estrada, como o mendigo cego Bartimeu (Mc 10,46). Uma Igreja peregrina, inserida na história das pessoas e das culturas, com tempo para parar junto delas e cuidar das suas feridas, sem hora marcada para o fim da viagem.
Uma Igreja, como dizia o Papa João XXIII, na abertura do Concílio, que “prefere recorrer ao remédio da misericórdia a usar as armas do castigo. Quer mostrar-se mãe amorosa de todos: benigna, paciente, cheia de misericórdia e de bondade, inclusive para com os filhos que dela se separaram”. Por isso a Igreja de Cristo não pode fechar o coração a nenhuma pessoa, por mais perdida que possa parecer. Há de imitar Jesus, que se chamou “o amigo dos publicanos e pecadores” (Mt 11,19).
Segundo o Evangelho Jesus se identificava com a desgraça, não podia contemplar uma aflição sem se comover e seu estremecimento interior se refletia nas palavras e nos olhos: “Vendo Jesus esta numerosa multidão, moveu-se de compaixão para com ela, e curou seus doentes” (Mt 14,14).
Jesus, com infinita sensibilidade, se identifica com os necessitados: foi o mesmo Cristo que teve fome, sede, foi hóspede, esteve nu, doente, preso (cf. Mt cap. 25). É preciso recuperar a predileção de Cristo pelos pobres deste mundo, como nos recomenda o Estatuto Geral: “Promover a realização da escolha preferencial pelos pobres e excluídos, combatendo as causas da pobreza”, porque ela é a forma de violência cometida com maior impunidade.
Convidados a continuar a missão de Jesus, somos enviados a fazer o mesmo que Jesus fez, isto é, tornar presente os sinais do Reino, fazendo as opções que ele fez pelos últimos da sociedade, pelos marginalizados e abandonados, valorizando-os e reconhecendo a sua dignidade. Servir a Jesus Cristo nestes rostos desfigurados torna-se uma fonte de espiritualidade que alimenta a nossa prática pastoral.
Nossa fé proclama que “Jesus Cristo é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem”. Por isso, como afirmou Bento XVI, “a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza”.
Essa opção nasce de nossa fé em Jesus Cristo, o Deus feito homem, que se fez nosso irmão (cf. Hb 2,11-12). Opção, no entanto, não exclusiva, nem excludente, porque a Igreja do crucificado não pode conhecer nenhuma espécie de exclusão. Se essa opção está implícita na fé cristológica, os cristãos, como discípulos e missionários, são chamados a contemplar, nos rostos sofredores de nossos irmãos, o rosto de Cristo que nos chama a servi-lo neles: “Os rostos sofredores dos pobres são rostos sofredores de Cristo”. Eles desafiam o núcleo do trabalho da Igreja, da pastoral e de nossas atitudes cristãs. Tudo o que tenha relação com Cristo tem relação com os pobres, e tudo o que está relacionado com os pobres clama por Jesus Cristo: “Tudo quanto vocês fizeram a um destes meus irmãos menores, o fizeram a mim” (Mt 25,40). João Paulo II destacou que este texto bíblico “ilumina o mistério de Cristo”. Porque em Cristo o grande se fez pequeno, o forte se fez fraco, o rico se fez pobre.
A razão pela qual Jesus veio ao mundo deve estar sempre presente na vida do discípulo e da discípula, do missionário e da missionária, como realizadores do projeto do Pai: “Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Deus fez surgir a vida onde imperava a morte. Mudou a tristeza em alegria, o sofrimento em consolação. Este modo de agir de Jesus expressa o modo de amar de Deus e deve ser o nosso modo de agir e amar enquanto continuadores de sua missão. Uma missão que brota gratuitamente do nosso coração, que parte de uma motivação interior e por isso movidos por uma força que nada poderá deter-nos, a exemplo de São Paulo: “Ai de mim se eu não anunciar o evangelho!” (1Cor 9,6).
A partir de um encontro de fé com a pessoa de Jesus, ao contemplar sua vida e missão, ficamos fascinados e o seguimos para ser como ele. A missão começa a partir de um encontro profundo com Jesus Cristo. Isto vem afirmado por Bento XVI: “No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”.
E ninguém melhor do que Vicente Pallotti fez a experiência desse encontro com Cristo. Por isso ele foi um apóstolo incansável.
Sabemos que a notícia da morte de Vicente Pallotti espalhou-se fulmínea por toda a cidade de Roma, ferindo de dor a alma de todos os romanos, principalmente os pobres e enfermos. Estavam todos tristes e aflitos como se tivessem perdido o próprio pai. Enquanto os sinos anunciavam o ingresso do servo bom e fiel na alegria do seu Senhor, um sino muito mais poderoso se fez ouvir na voz do povo, daqueles que tinham visto com os próprios olhos as obras de misericórdia realizadas por Vicente Pallotti, e por isso diziam sem medo de errar: “Morreu um santo”; “morreu o Apóstolo de Roma”; “morreu o pai dos pobres”. Era Deus que falava pela boca do povo!
Um testemunho da época diz que “Vicente Pallotti teve o espírito de Jesus Cristo, foi um perfeito modelo de sacerdote, um verdadeiro apóstolo de Roma. E bem-aventurados seríamos se nos tivesse sido concedido de tê-lo por mais tempo entre nós”.
Ele foi um grande seguidor de Jesus Cristo. Ele encarnou e irradiou Jesus Cristo, o Apóstolo do Pai eterno. A exemplo de Jesus Cristo que andou pelos caminhos da Palestina, Vicente Pallotti percorreu as ruas de Roma, falando de Jesus Cristo a todos e repetindo os gestos de ternura de Jesus.
9. Uma Igreja que evangeliza com o testemunho
Não basta falar de Deus. É necessário testemunhá-lo por uma vida de santidade encarnada no quotidiano. O testemunho de vida é a primeira e insubstituível forma de missão, a fim de que o anúncio tenha credibilidade. É isto que afirma Paulo VI:
Para a Igreja, o testemunho de vida... é o primeiro meio da evangelização. O homem contemporâneo escuta com melhor vontade as testemunhas do que os mestres (...), ou então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas. Testemunho de pobreza, de desapego e de liberdade frente aos poderes deste mundo; numa palavra, testemunho de santidade.
Por isso, o modo mais perfeito de evangelizar é o testemunho da fé na vida. Em outras palavras, os discípulos de Jesus, em qualquer tempo e lugar, devem realizar o Evangelho com sua própria vida, de tal forma que neles se reconheça que Deus continua sua obra de salvação no mundo. A presença da Igreja no mundo, expressa em sinais e gestos proféticos, indica a vitória do Reino de Deus sobre as potências do mal, como se realizou em Jesus de Nazaré, morto e ressuscitado.
Para nós existe sempre o perigo de viver a ruptura entre fé e vida, entre o anúncio e a vivência. O contrário do Evangelho anunciado é o escândalo, sobretudo o escândalo dos “profissionais” da evangelização. Podemos ser um anti evangelho com a nossa vida, com nossas atitudes, com nossas omissões, com nossos bens, com nosso jeito de “representar” a Igreja de Jesus.
O Evangelizador tem o dever de pôr em prática aquilo que prega, como adverte São Gregório: “Há uma lei para o pregador: que faça o que prega”.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Santo Antônio de Pádua exclama: “A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. [...] Em vão pregará a doutrina da lei quem destrói a doutrina por suas obras”.
Mas também não faltam os vivem aquilo que pregam, como disse João Paulo II, “em nosso tempo, muitas são as testemunhas coerentes e perseverantes na fé e no amor a Cristo até mesmo com o sacrifício da própria vida.
Portanto, o testemunho não pode deixar de ser a característica dos seguidores de Jesus, onde a caridade fraterna é o primeiro e principal anúncio: “Todos reconhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,35).
10. A Igreja dos meus sonhos
a. Uma Igreja contemplativa e orante: Igreja discípula, que está à escuta da Palavra. Uma Igreja eucarística de louvor e ação de graças pelo Reino que chegou: A Igreja faz a eucaristia e a eucaristia faz a Igreja. Uma Igreja que nasce do coração da Trindade: “É o povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
b. Uma Igreja aberta às novidades de Deus. Atenta ao sopro do Espírito criativo, que suscita os carismas, que abre novos caminhos, oferecendo novas respostas para os sofrimentos e angústias da humanidade.
c. Uma Igreja fraterna, amorosa e alegre de mãos dadas na pluralidade de ministérios. Uma Igreja com largos espaços para a liberdade e a diversidade, onde a corresponsabilidade une mais do que a lei e o entusiasmo mais do que a imposição.
d. Uma Igreja serva e pobre, simples e humilde, mais preocupada com o serviço do que com o poder, mais aberta à ternura e ao perdão, do que à condenação. Uma Igreja que renuncia aos privilégios e à segurança.
e. Uma Igreja onde os fiéis leigos serão os grandes protagonistas na caminhada das comunidades eclesiais. O leigo “é o homem da Igreja no coração do mundo e o homem do mundo no coração da Igreja”. Uma Igreja onde também a mulher tenha direito ao seu protagonismo.
f. Uma Igreja discípula e missionária, anunciadora da boa nova do Reino de Cristo. Uma Igreja querigmática que anuncia o essencial: Jesus Cristo, o crucificado e ressuscitado. Uma Igreja onde o povo de Deus, imbuído de ardor missionário, leva a mensagem do evangelho até os confins do mundo.
g. Uma Igreja profética que recupera o valor da voz do profeta, para evitar o enorme perigo de uma Igreja fechada em si mesma e cada vez mais distante do homem de hoje. Uma Igreja que anuncia o Evangelho com coragem, capaz de defender os injustiçados da sociedade, impedindo que se continue explorando os pobres e derramando sangue inocente (cf. Jr 7,1-15).
h. Uma Igreja peregrina, sempre a caminho, inserida na história das pessoas e das culturas. Uma Igreja peregrina dentro do mundo, com tempo para parar junto aos caídos do caminho para cuidar das suas feridas, sem hora marcada para o fim da viagem.
i. Uma Igreja que suporta a perseguição e a morte por causa do evangelho. Uma Igreja que assume a cruz por causa da justiça que o Senhor proclama bem-aventurados no Evangelho. É o próprio Jesus que disse: “Se eles me perseguiram, também vos perseguirão” (Jo 15,20). E nós, como família palotina, não podemos esquecer os nossos cinco mártires argentinos. Conforme a moção aprovada na XVIII Assembleia Geral da SAC, eles são “mártires pela justiça e por ter pregado e vivido o Evangelho”.
j. Uma Igreja que trabalha pelo ecumenismo, segundo o desejo de Vicente Pallotti, expresso desde o início da sua fundação, onde desejava que fosse apressado aquele momento ansiado por todos os bons e predito por Jesus Cristo, momento em que haverá um só rebanho e um só pastor (cf. Jo 10,16). Uma Igreja de diálogo, que seja acolhedora de todas as diferenças.
11. Considerações finais
Este II Congresso Geral da União do Apostolado Católico deve tornar-se na Igreja de Jesus Cristo, como um clarim evangélico que desperta a consciência missionária e convoca os cristãos para continuarem a missão de Jesus, porque ele “é o centro do cosmos e da história”.
Como discípulos e missionários de Jesus na sua Igreja, nos sentimos vocacionados para a esperança. Na mensagem que João Paulo II dirigiu aos participantes da XVIII Assembleia Geral da Sociedade do Apostolado Católico (06.10.1998), disse: “Caríssimos, olhai com esperança para o futuro e acolhei com confiança os desafios do Terceiro Milênio, conscientes de que Cristo está junto a vós e é o mesmo “ontem, hoje e sempre” (Hb 13,8). Ele vos dá o seu Espírito que sabe guiar-vos à plenitude da verdade e do amor”.
Precisamos, por isso, recuperar a condição de peregrinos e dizer como Moisés: “Sou peregrino em terra estrangeira” (Ex 2,22). Animados pelo carisma e espiritualidade palotina, nos cinco continentes, somos peregrinos da esperança!
Concluo, parafraseando o Documento de Aparecida:
Fica conosco, Senhor, acompanha-nos, ainda que nem sempre tenhamos sabido reconhecer-te. Fica conosco, porque as sombras vão se tornando densas ao nosso redor, e tu és a Luz; em nossos corações se insinua a desesperança, e tu nos fazes arder com a certeza da Páscoa. Estamos cansados do caminho, mas tu nos confortas na fração do pão para anunciar aos nossos irmãos que na verdade tu ressuscitaste e nos deste a missão de ser testemunhas da tua ressurreição.
Fica conosco, Senhor, quando ao redor da nossa fé católica surgem as névoas da dúvida, do cansaço ou da dificuldade; tu, que és a própria Verdade como revelador do Pai, ilumina nossas mentes com a tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em ti.
Assim terminei, com a ajuda de Deus, esta reflexão sobre o tema – viver a missão na Igreja hoje. Se se considerar que eu disse pouco ou muito, que me perdoem. Se se pense que eu disse o suficiente, que se renda graças não a mim, mas comigo, a Deus.
Enfim, eu te suplico Jesus de Nazaré, que juntamente com Maria, Rainha dos Apóstolos e Estrela da evangelização, fortalece nossa fé, sustenta o nosso árduo peregrinar “entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus”, para que sejamos teus discípulos e missionários, com o mesmo vigor de São Vicente Pallotti!
Perguntas para reflexão e aprofundamento do texto:
1. Quem é, e como deve ser o discípulo de Jesus neste mundo em constante mudança?
2. Quais são as razões que, para a Igreja, justificam a retomada do ardor missionário?
3. Como a Igreja da misericórdia pode ser amiga dos pobres e dos pecadores sem ser amiga do pecado?
4. A conversão pastoral pede que se vá além de uma pastoral de simples conservação para uma pastoral decididamente missionária. Como se percebe isso na sua vida e na sua comunidade?
5. Nos processos constantes de renovação missionária, é necessário abandonar estruturas ultrapassadas que não favorecem mais a transmissão da fé. Segundo a sua precepção, quais seriam essas estruturas?
6. Qual é a Igreja dos seus sonhos e qual é o seu projeto de Igreja?
7. Qual é o rosto da Igreja que quer construir e quais deveriam ser as suas características mais marcantes?
8. Na força do nosso carisma e da nossa espiritualidade, qual poderia ser a contribuição da União para a evangelização da Igreja, pricipalmente na realidade na qual você está inserido?
9. Por meio de que modos concretos todos os membros da família palotina poderiam partilhar a espiritualidade e assim alcançar uma maior eficácia apostólica?
10. Para ser apóstolo na Igreja de hoje, a formação cristã/palotina que recebeu é suficiente para a compreensão do carisma e da espiritualidade palotina?
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