domingo, 8 de maio de 2011

Apóstolos Hoje - Maio de 2011

Deus, Amor Infinito
Meditação XX
 “Da obrigação que temos de aperfeiçoar-nos meritoriamente a nós mesmos, enquanto vivas imagens de Deus, que é o eterno, o infinito, o imenso, o incompreensível”.
Oração inicial
Guia-me, Tu, luz perfeita, através da escuridão que me circunda, sejas Tu a conduzir-me! A noite é escura e estou distante da casa: sustenta os meus passos vacilantes!
Não peço de poder enxergar aquilo que me espera no horizonte, mas de descobrir somente um caminho que me será de conforto.
Amava escolher e escrutar o meu caminho: mas, agora seja Tu a conduzir-me! Amava o dia iluminado, mas o meu coração era escravo do orgulho.
Os anos passaram e a Tua força ao longo do caminho me abençoou  e estou certo que me conduzirá ainda: além do deserto e o mar, além das montanhas e riachos, até que a noite termine. Com o amanhecer vou rever o sorriso daqueles rostos angelicais que por tanto tempo eu amei e que acreditava ter perdido no meu caminho. Card. J. H. Newman.
"Senhor, peço que abençoes cada um de nós, concede-nos terrenos sempre mais vastos e mantenhas a Tua mão sobre nossa cabeça afastando de nós as desgraças e as dores".
Reflexão
Na sua meditação sobre Deus, Amor Infinito, São Vicente intuiu, com a iluminação do Espírito Santo, que sua alma é obrigada, usando o livre arbítrio e com a ajuda da graça, a aperfeiçoar-se a si mesma, sendo imagem viva de Deus Pai, perfeito e infinito. É um caminho da imagem à semelhança: com a criação o ser humano recebeu a dignidade da imagem, mas por natureza tende à perfeição da semelhança divina deixando-se guiar pelo Espírito.
O caminho de São Vicente…
Grande é a consciência do Santo no considerar-se uma criatura limitada, que não consegue comprir bem o quanto deveria realizar para corresponder ao amor de Deus. Daqui nasce a dor de São Vicente pela incapacidade de seguir plenamente o desejo que possui de glorificar e servir Cristo.
A humildade de São Vicente se espelha nesta consideração que ele tem de si mesmo: um ser infinitamente miserável. Esta condição o torna uma criatura predileta de Jesus o qual, sendo infinita misericórdia, pode preencher suas imperfeições e plasmá-lo tornando-o semelhante a Si.
O zelo de São Vicente pela sua salvação encontra sua fonte e modelo em Cristo. Como Jesus na cruz quis salvar toda a humanidade, assim o Santo aprende d’Ele a não temer os sacrifícios pela conversão do homem. Para cumprir isto, pede a Deus que lhe conceda, como medida de comparação no compromisso pela salvação dos irmãos, a mesma sede que Jesus sentiu na cruz.
Uma sede insaciável e nunca satisfeita. O único modelo ao qual seguir é Cristo, e como o Santo, também nós não nos desanimemos de seguí-lo, sabendo que Ele atua por meio de nós.
…o nosso caminho
Seguindo o exemplo de São Vicente, o nosso caminho se fundamenta na experiência de Deus comoAbbá”, isto é, Pai infinitamente bom, e na nossa adesão ao Seu projeto de amor. Tudo isso passa pela conversão e pela fé, da qual fala toda a Escritura. O termo conversão na Bíblia é expresso de dois modos: o primeiro  é  shuh, que significa voltar, é usado no Antigo Testamento pelos profetas para convidar Israel a voltar para Jahvé, quando ele se distancia.
O segundo modo é a metanoia, é usada no Evangelho por Jesus, quando chama à conversão. Isso não significa retorno, porque nós cristãos não retornamos a qualquer coisa de velho, mas nós somos chamados a aderir algo novo. A conversão pregada por Jesus significa propriamente "mudança de mentalidade": Ele anuncia para que nos convertamos e  creiamos no Evangelho.
No processo de conversão retorno a Deus, colocando na minha existência a dinâmica do Evangelho, de modo que se torne o meu modelo de vida. Jesus propõe em fazer do Evangelho a própria vida!
Lucas 15, 7: "Há mais alegria no céu por um pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão". Jesus pronuncia esta frase depois de contar a parábola do pastor que vai em busca da ovelha perdida, e encontrando-a, coloca-a sobre seus ombros e volta contente para casa. A conversão da “ovelha”, que deu muita alegria para o pastor, foi aquela de deixar-se levar pelo Senhor abandonando-se em suas mãos. Muitas vezes, quando falamos de conversão, pensamos em alguma coisa que devemos fazer para Deus: na realidade trata-se de acolher aquilo que Deus quer fazer por nós.
Isaías 40, 11: "Como um pastor, ele cuida do rebanho, e com seu braço, o reúne; leva os cordeirinhos no colo e guia mansamente as ovelhas que amamentam". Jesus convida-nos a entregar a Ele a nossa vida e deixar-nos conduzir por Ele, o Pastor infinitamente bom que nos conduzirá a pastagens perfeitas realizando o projeto de felicidade escrito no DNA de nossa existência. Ele não fala de obrigações ou deveres.
A conversão é acompanhada pela fé. Muitas vezes dizemos: "Eu acredito, minha família acredita ... ",  mas em que coisa acreditamos? Na carta de Tiago 2, 19 se lê: “Até os demônios crêem e tremem”. A fé não é acreditar na existência de Deus e em algum dogma, a verdadeira fé é aquela do Evangelho. Muitas vezes, pedimos ao Senhor que aumente a nossa fé, mas São Paulo na Carta aos Romanos cap 12, 6 nos lembra que "Todos nós recebemos uma medida de fé: como os carismas, os talentos, os dons, também a fé deve ser usado para dar frutos e fazê-la crescer.
Mateus 17, 20:Se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: Transporta-te daqui para lá, e ela irá; e nada vos será impossível”. Esta é a verdadeira fé! Quando temos um problema que bloqueia nosso caminho, tão grande quanto uma montanha, muitas vezes, ficamos blocados  por toda vida, porque aquele problema se torna “o nosso Deus”.
Continuando a olhar de forma estática o problema, o faremos tornar cada vez maior. Mas se começarmos a dizer "Montanha, problema, doença muda de cá para lá”, iniciamos um caminho no qual tomamos consciência de que nada é impossível para Deus. A nossa fé será capaz de mover montanhas, porque dentro de nós atua a graça que nos capacita em realizar aquilo que para nós parece impossível. Chegaremos a “degustar” a vida e fazer o bem não porque está escrito na lei, mas porque vive um imperativo moral dentro de nós. Uma rosa perfuma sempre, seja no elegante salão, seja embaixo da humilde escada: não poderá fazer outra coisa do que perfumar, porque esse é parte do seu ser. Nós fomos criados para sermos felizes e fazer os outros felizes; o verdadeiro crente é aquele que observa a lei de Deus, aquele que na vida coloca um Amor semelhante ao Seu. O verdadeiro discípulo de Jesus descobre que a conversão e a permitem a passagem do sacrifício ao dom: cada passo da vida se torna um dom precioso que nos é oferecido, na alegria como plenitude e no sofrimento como cura.
Assim, o tempo não será Cronos, um Rei tirano que mata seus súditos consumindo suas vidas, mas será Kairos, um momento de bênção para construir uma tecido de relações com os outros.
Proposta para a reflexão e a partilha:
Salmo 8, 5-7; Heb 2, 5-9; Luc 10, 25-37.
Oração Final
Senhor, Pai Santo, ensina-me a falar não como uma tromba esquilante, mas como uma flauta gentil.
Ajuda-me a espelhar-me nos outros, abre as janelas do meu coração, ilumina os meus pensamentos.
Faze-me abrir os olhos para preenchê-los de estrelas, mas não deixe que as minhas mãos fechem o punho para ignorar o outro. Não confiar-me a riqueza do mundo, mas te peço a sabedoria do coração.
E, no final dos meus dias concede-me o maior dom, o mais forte que existe: duas asas fortes e seguras, formadas por muitas pequenas gotas de amor, para superar as trevas e com grande desejo chegar a Ti. Para ser como Tu, em Ti.
Tudo te peço por meio de Jesus Cristo e por intercessão de São Vicente Pallotti. Amém

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