sexta-feira, 20 de maio de 2011

JESUS PREPARA O NOSSO “LUGAR”

No Evangelho deste Domingo, Nosso Senhor diz: “Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim também fará as obras que Eu realizo; e fará obras maiores do que estas, porque Eu vou para o Pai…” (Jo 14,12). Nosso Senhor assim afirma, pois na sua condição humana assumida no seio da Virgem Maria,  ele viveu as limitações próprias do tempo e do espaço. Ou seja, seu apostolado se restringiu às regiões da Judéia, Samaria e Galiléia, e limitado ao tempo em que viveu visivelmente entre nós. Agora, na sua condição de Ressuscitado e Glorificado, actua através de seu Corpo Místico que é a Igreja, que estará presente em toda a terra até o fim do mundo.
Nos Actos dos Apóstolos vem relatado um exemplo luminoso desta realidade: “A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum. Com grande poder, os Apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e uma grande graça operava em todos eles. Entre eles não havia ninguém necessitado, pois todos os que possuíam terras ou casas vendiam-nas, traziam o produto da venda e depositavam-no aos pés dos Apóstolos. Distribuía-se, então, a cada um conforme a necessidade que tivesse.” (Actos 4,32-35)
Na primeira leitura de hoje porém, vemos que nem tudo eram rosas na comunidade primitiva. A parte humana, não tardou a fazer-se notar. As diferenças de cultura, de língua e até do modo de encarar a novidade cristã entre os que vinham do meio dos judeus, e de cristãos que provinham do paganismo, não tardara, a fazer-se notar. Começou-se a proceder de modo que poderiam mesmo provocar um escândalo diante daqueles que não pertenciam à comunidade: as viúvas dos cristãos que provinham do paganismo eram descuradas, enquanto as viúvas dos que vinham do judaísmo eram tratadas com privilégios. A questão explodiu e precisou da intervenção dos Apóstolos. Aqui surge, no meio das fragilidades humanas, o discernimento e o poder de Deus.  Ao invés de causar  divisões, foi uma ocasião da Igreja se tornar mais ministerial, ou seja, de distribuir melhor os serviços. Foram escolhidos os diáconos que, a partir daquele momento, se encarregariam desta parte do trabalho da Igreja.
É um sonho de Cristo, que a Sua Igreja seja toda ela “ministerial”, ou seja toda ela “serva”, onde cada cristão encontre o “lugar” que Jesus está a preparar para ele na casa de seu Pai, que corresponde também ao lugar que próprio Cristo sonhou para cada um de nós já neste mundo servindo os irmãos com dons e carismas diversos.  Não é isso que São Pedro disse na segunda leitura: “Aproximando-vos dele, pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus, também vós - como pedras vivas - entrais na construção de um edifício espiritual, em função de um sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.” (1 Pe 2,4-5) São Vicente Pallotti intuiu lindamente aquilo que a Igreja de Nosso Senhor veio a confirmar no Concílio Vativano II: «Os sagrados Pastores conhecem, com efeito, perfeitamente quanto os leigos contribuem para o bem de toda a Igreja. Pois eles próprios sabem que não foram instituídos por Jesus Cristo para se encarregarem por si sós de toda a missão salvadora da Igreja para com o mundo, mas que o seu cargo sublime consiste em pastorear de tal modo os fiéis e de tal modo reconhecer os seus serviços e carismas, que todos, cada um segundo o seu modo próprio, cooperem na obra comum». (LG 30)
Porque será que Nosso Senhor não disse aos discípulos que os seus lugares já estavam prontos no Céu? Porque será que disse que iria para preparar-lhes um lugar? Não será porque esse “lugar”, Nosso Senhor queria preparar em colaboração com cada um de nós que assume o seu “lugar” levando a sua própria Cruz neste mundo e servindo a Deus na Igreja Comunhão e Missão com a ajuda do Espírito Santo?
Para as células de Evangelização:
Quais são os “lugares de trabalho” que Nosso Senhor preparou, e que ninguém quer assumir? Há muitos os que ainda não encontraram o seu “lugar” na Igreja Comunhão e Missão?
Pe. Marcelo

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