“São Vicente Pallotti – Deus, Amor Infinito”
Meditação XVI
Da Obrigação que temos de aperfeiçoar a nós mesmos meritoriamente enquanto somos viva imagem da santidade por essência”.
Oração
“Oh, homem, te foi ensinado aquilo que é bom e aquilo que pede o Senhor de ti é: praticar a santidade e a justiça, amar a piedade, caminhar humildemente com teu Deus” (Miquéias 6,8).
Senhor, tu resistes aos soberbos, mas és misericordioso com os humildes. Dá-nos verdadeira humildade sob o exemplo do teu Filho Unigênito. Afasta de nós o orgulho porque não venhamos a conhecer a tua indignação; dá-nos a verdadeira humildade, a virtude que nos obtém a tua graça. Isto te pedimos por Cristo Nosso Senhor. Amém. (Orações Comunitárias Palotinas, Oração da tarde de terça feira).
Reflexão
Esta reflexão nos oferece a oportunidade de refletir sobre a maneira bíblica de entender a justiça como “relacionamentos justos”. Para viver os relacionamentos justos, a pessoa é solicitada a colocar-se adequadamente em relacionamento com Deus e com o próximo. Pallotti, nesta meditação e em todos os seus escritos, expressa o desejo de permanecer em um “relacionamento justo” com Deus e com o próximo. A sua continua aspiração em relação à perfeição compreende a necessidade profunda de combater o orgulho e viver uma vida de humildade. A soberba que coloca uma pessoa em uma área geográfica ou uma cultura sobre a outra, é uma escolha feita de quem é orgulhoso. A escolha que uma pessoa faz por orgulho, freqüentemente comporta injustiça. Pallotti acreditou no fato que o caminho para a justiça era o caminho da humildade, sob o exemplo de Jesus Cristo que livremente e humildemente se sacrificou na Cruz por nós. Mediante este ato Salvifico, pessoas foram conduzidas e orientadas a terem um “relacionamento correto”com Deus. A nossa resposta a este ato de Cristo, é viver uma vida justa e rica de amor.
Pallotti compreendeu que não se pode separar a justiça do amor.
O nosso amor a Deus se manifesta com o nosso amor ao próximo. O Papa Bento XVI na sua Encíclica “Deus caritas est”, explica esta ligação entre o amor a Deus mediante o amor ao próximo como um amor vivo e vivenciado que, espera, possa contribuir para a vivência de um mundo mais justo.
“O amor do próximo enraizado no amor de Deus, è, antes de tudo uma missão para cada fiel, mas é também uma responsabilidade para a inteira comunidade eclesial, e isto, em todos os níveis: desde a comunidade local a Igreja particular até a Igreja universal, em sua globalidade.
Também a Igreja como comunidade deve praticar o amor. Como conseqüência daquilo que é o amor, ela tem necessidade de organização, para um melhor serviço comunitário.
A consciência de tal missão, tem tido uma relevância constitutiva na Igreja desde os seus inícios: “Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum, vendiam as suas propriedades e os seus bens, e divididiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um” (At 2, 44-45).
Lucas nos conta isto em conexão com uma espécie de definição da Igreja, entre os elementos constitutivos que torna nova a adesão ao “ensinamento dos Apóstolos”, à “comunhão” (Koinonia), à “fração do pão” e à oração (cfr At 2, 42).
O elemento da “comunhão” (Koinonia), que inicialmente não é especificado, vem concretizado nos versículos acima citados: essa consiste exatamente no fato que os fiéis tinham tudo em comum e que, entre eles, a diferença entre ricos e pobres não existe mais (cfr At 4, 32-37).
Com o crescimento da Igreja, esta foram de radical comunhão material não pode na verdade ser mantida. O núcleo essencial, todavia ficou: no interior da comunidade dos fiéis não existe uma forma de pobreza tal que a algum seja negados os bens necessários para uma vida digna (n.20).”
O Estatuto Geral do UAC no artigo 1 afirma que a União
“é una communio de fiéis que, unidos a Deus e entre eles” se empenham a “reavivar a fè, reacender a caridade na Igreja e no mundo”. Como “Communio” de fièis não existe distinção alguma entre nós enquanto pessoas. Vicente Pallotti nesta meditação nos diz que “Deus que é Justiça por essência” nos chama a viver uma vida em solidariedade com os nossos irmãos e irmãs de maneira particular com aqueles que estão unidos a nós na UAC. Não podemos permanecer indiferentes às necessidades das pessoas próximas a nós, não podemos permitir que o nosso orgulho nos afaste do viver uma verdadeira solidariedade, justiça e amor. Vicente Pallotti observa “para ser justo em relação ao meu próximo, devo amá-lo como a mim mesmo por amor a Deus”.
O nosso cuidado em relação às necessidades e a dignidade do outro, segundo a justiça, nos conduzirá por um caminho de maior humildade e de um amor mais profundo.
Como membros da União do Apostolado Católico não vivemos simplesmente para nós mesmos, mas vivemos para Deus e para o próximo sob o exemplo de S. Vicente Pallotti. O nosso agir na caridade e com justiça, aprofunda e alarga o nosso relacionamento de “communio” com Deus Trindade e com o nosso próximo. O Documento da UAC “Juntos um pelo outro” – sintetiza as características e o pensamento de S. Vicente Pallotti sobre este ponto quando declara:
“Na perspectiva de Pallotti toda a espécie humana, criada e redimida constitui uma comunidade solidária: cada pessoa é uma imagem única de Deus e é chamada ao apostolado. Deus Trindade vive e age em cada pessoa. Todos são “sócios e companheiros de trabalho”, mutuamente vinculados na realização do desígnio da criação e da redenção com responsabilidade recíproca, num caminho comum em direção ao Pai Celestial. Todos tem a capacidade de responder ao amor de Deus e de condividi-lo reciprocamente. Ninguém é tão pobre que não possa enriquecer o seu próximo, ninguém è tào rico que não tenha necessidade da ajuda dos outros (n.8)
S. Vicente, na meditação XVI, com relação à obrigação “que temos de aperfeiçoar a nós mesmos meritoriamente enquanto somos viva imagem da santidade por excelência” refletiu como ele viveu esse chamado sob três aspectos e nos oferece três pontos de reflexão de como vivemos a ‘justiça’ e a ‘fidelidade’;
Reflitamos sobre aquilo que escreveu e respondamos:
“Para ser justo em relação a Deus ...”,
“ Para ser justo em relação ao meu próximo...”;
“Para ser justo comigo a mim mesmo...”.
Textos sugeridos para a reflexão e partilha.
Isaias 58, Oséias 2, 19-21, Miquéias 6, 8; Salmo 7; Mt 25, 31-46; Lc. 10, 25-37; 16, 19-31, Tg 1, 19-25.
Oração final
“Meu Deus, meu Pai, meu Amor infinito, justiça e santidade por essência, sou uma viva imagem vossa, mas pela minha grandíssima ingratidão, tenho deformado essa imagem em mim tornando-me réu de inumeráveis pecados que cometi e contribui para que outros também os cometessem e isso, por não haver aproveitado, aliás por ter agido em oposição ao amor infinito, e misericórdia infinita, com a qual me tendes criado à vossa imagem e semelhança, portanto, mereci todas as penas do tempo e da eternidade tantas vezes multiplicadas quantos são os pecados que cometi, e contribui para serem cometidos, mas pela vossa infinita Misericórdia, pelos méritos de Jesus Cristo, pelos méritos e intercessão de Maria Santissima, e de todos os Anjos e Santos, tenho total confiança e creio por certo que me concedereis a perfeita contrição de todos os meus pecados e a graça de usar todos os meios para ser justo em relação a Vòs e em relação à Vossa Bondade infinita, igualmente em relação ao meu próximo, e comigo mesmo, a fim de que no momento de minha morte passa encontrar-me disposto a ser semelhante a Vós na glória por toda a eternidade. Amém” (Iddio l’Amore Infinito, med. XVI)
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