sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A GRANDEZA E A HUMILDADE DO SENHOR

Neste tempo de Natal ficamos sempre como que estupefactos diante da humildade de Deus. No Natal vemos Jesus Menino nascido em palhas. Diz o Pe. Cantalamessa que a humildade não consiste em ser pequeno, mas em fazer-se pequeno por amor. Isso vemos em Nosso Senhor Jesus Cristo: a sua “descida” voluntária por amor a nós. No Baptismo de Nosso Senhor, vemos mais um gesto da humildade de Deus. Comentando este facto, São Vicente Pallotti dirá nos seus célebres “33 pontos” da vida de Cristo: “Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo embora sem pecado, contudo, para animar-nos à vida humilde e penitente, pôs-se no meio da turba dos pecadores, como se fora um deles, e humilhou-se ao se fazer baptizar publicamente por seu santo precursor. Assim, por amor a nosso Senhor Jesus Cristo e para pôr freio em nosso amor próprio e em nossa soberba, devemos esforçar-nos e humilhar-nos não só interiormente mas também exteriormente, com os actos de humilhação, que, de acordo com as nossas constituições, se pratiquem em nossa congregação, que nunca poderá produzir frutos de vida eterna, se lhe faltar a verdadeira humildade interna e externa.” O Pai diante deste acto de humilhação do Filho envia-lhe o Espírito Santo em forma de uma pomba.
Poderíamos nos perguntar por que o Espírito Santo assumiu a forma de pomba. Certa vez falei com um criador dessas aves e ele falou-me do senso de direcção extraordinário e quase inexplicável destas aves. Elas são capazes de, após serem soltas de uma distância de 800 Km, regressarem ao local onde nasceram. Por isso existem os pombos-correios.  Não é sem razão que o Pai quis que o Espírito Santo tomasse a forma visível de uma pomba. Nós, normalmente, nas coisas de Deus, somos muito míopes, ou seja, só vemos quando muito, o que está pertinho de nós. Isto quando o egoísmo não nos cega totalmente, fazendo com que vejamos somente o nosso interesse. O Espírito Santo nos é dado para arrancar-nos desta miopia e irmos na direcção de Deus, nossa origem e fim. Diz a oração Eucarística IV: “E a fim de não mais vivermos para nós próprios, mas para Ele que por nós morreu e ressuscitou, de Vós, Pai Misericordioso, enviou aos que n’Ele crêem o Espírito Santo, como primícias dos seus dons,…” Nesta passagem do ano novo, houve uma cidade dos Estados Unidos em que aconteceu uma grande mortandade de aves de uma determinada espécie. Os cientistas explicaram que, provavelmente, foi devido aos fogos. As aves morreram de medo. Como esta espécie tem um fraco senso de direcção à noite, com o barulho dos fogos da passagem de ano elas fugiram desorientadas e bateram em prédios e vidros, vindo a falecer. Podemos dizer que sem a luz do Divino Espírito Santo, também o homem moderno tem dificuldade de guiar-se bem em meio a tantos “ruídos”.
E para onde, em primeiro lugar, o Espírito Santo direccionou Jesus? Sabemos que o Espírito Santo ungiu Jesus para a missão, mas em primeiro lugar este mesmo Espírito orientou o Senhor para o deserto, onde ele viveu a oração e a penitência. Quem está cheio do Espírito Santo aponta também para esta direcção. Segundo o relato de Irmã Lúcia, naqueles tempos da primeira guerra mundial, em 1916, antes das aparições de Nossa Senhora, apareceu-lhes o Anjo de Portugal com a seguinte mensagem: Que fazeis? Orai! Orai muito! Os corações de Jesus e de Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.
Como havemos de sacrificar? perguntei.
De tudo o que puderes, oferecei a Deus sacrifícios, em acto de reparação dos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar.”
Como sabemos, Portugal não entrou na segunda grande guerra. Será que diante dos conflitos actuais da humanidade, tanto os conflitos armados como os que estamos a assistir nos telejornais, como os domésticos, dentro das famílias, Nossa Senhora não pediria algo semelhante?
Esta penitência deve ser sobretudo um abrir-se à graça do perdão sacramental. Depois que Jesus se sujeitou a entrar na fila dos pecadores e a ser baptizado por alguém que, nas próprias palavras de João Baptista, não era digno sequer de desatar a correia de suas sandálias, ninguém tem o direito de recusar-se a receber a Divina Misericórdia pelas mãos de um ministro sagrado alegando que este é mais pecador do que ele.
O tempo do Natal que agora termina deixa-nos gravado no coração a humildade de Deus. Obrigado Senhor, pela Sua grandeza infinita e também pela grandeza do Seu rebaixamento por amor e misericórdia de nós pecadores. Amém.

Para as células de Evangelização:
Como mostram as aparições de Fátima, e outras, Nosso Senhor não está alheio aos factos da história humana. Contudo Ele actua através dos humildes.  Partilha um facto que conheces em que Deus venceu através dos humildes.
Pe. Marcelo

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