Estamos a terminar a oitava da Pascoa, e com isso celebramos a Festa da Divina Misericórdia. Esta Festa foi oficialmente criada no ano 2000 pelo Papa João Paulo II, no mesmo ano que canonizou Santa Faustina Kowalska, também chamada “secretária da Divina Misericórdia”. Neste Domingo os padres devem falar nas homilias da Infinita Misericórdia de Deus que é o seu maior atributo: “Nenhuma alma terá justificação, enquanto não se dirigir, com confiança, à Minha misericórdia. E é por isso que o primeiro domingo depois da Páscoa deve ser a Festa da Misericórdia. Nesse dia, os sacerdotes devem falar às almas desta Minha grande e insondável Misericórdia”. (Diário, 570).
Devemos recordar também, como comentou certa vez padre Paulo Ricardo, que para sermos alvo da Divina Misericórdia, devemos antes de tudo reconhecer a nossa pequenez e miséria, pois a Divina Misericórdia tem por alvo justamente os miseráveis. Devemos reconhecer a nossa pequenez, como comentou este citado sacerdote, usando uma metáfora: “O ser humano é uma bactéria … em um ínfimo grãozinho de areia chamado planeta terra.” Quem tem um mínimo conhecimento de astronomia sabe que esta afirmação não é descabida. Temos de ter um sadio realismo da nossa pequenez. Estamos a ver estas chuvas no Rio de Janeiro e em Niterói. Hoje estamos vivos, amanhã podemos não estar…. Sadio realismo. Além da nossa pequenez, a nossa miséria humana, nossos vícios, erros e pecados…. Ao mesmo tempo, o que parece paradoxal, temos de reconhecer a grandeza da alma humana, e a sua grande vocação: “E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco.” (Jo 1,14) “Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.” (Jo3,16-17) Por esse grande Amor e Misericórdia, porque Ele vê a nossa fraqueza, mas ao mesmo tempo a nossa grande vocação, temos a graça da Festa da Divina Misericórdia.
De facto disse Jesus a Santa Faustina: “Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha Misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha Misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças. Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate. A Minha misericórdia é tão grande que, por toda a eternidade, nenhuma mente, nem humana, nem angélica a aprofundará. Tudo o que existe saiu das entranhas da Minha Misericórdia. Toda alma contemplará em relação a Mim, por toda a eternidade, todo o Meu amor e a Minha Misericórdia. A Festa da Misericórdia saiu das Minhas entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa” (D. 699). Assim, a Festa da Misericórdia é uma realização concreta do núcleo do mandato de Jesus Ressuscitado aos Apóstolos: “Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos, ao terceiro dia; que havia de ser anunciada, em seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém.Vós sois as testemunhas destas coisas.” (Lc 24,46-48)
No entanto é também uma exortação: “As almas se perdem, apesar da Minha amarga Paixão. Estou lhes dando a última tábua de salvação, isto é, a Festa da Minha Misericórdia. Se não venerarem a Minha Misericórdia, perecerão por toda a eternidade” (D. 965; cf. 998).
Relembramos a seguir, as disposições oficiais da igreja para conseguirmos as graças do Domingo da Divina Misericórdia: “Concede-se a Indulgência plenária nas habituais condições (Confissão sacramental (*) , Comunhão eucarística e orações segundo a intenção do Sumo Pontífice) ao fiel que no segundo Domingo de Páscoa, ou seja, da "Misericórdia Divina", em qualquer igreja ou oratório, com o espírito desapegado completamente da afeição a qualquer pecado, também venial, participe nas práticas de piedade em honra da Divina Misericórdia, ou pelo menos recite, na presença do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, publicamente exposto ou guardado no Tabernáculo, o Pai-Nosso e o Credo, juntamente com uma invocação piedosa ao Senhor Jesus Misericordioso (por ex., "Ó Jesus Misericordioso, confio em Vós").
Concede-se a Indulgência parcial ao fiel que, pelo menos com o coração contrito, eleve ao Senhor Jesus Misericordioso uma das invocações piedosas legitimamente aprovadas.
(*) “É conveniente, mas não é necessário que a Confissão sacramental, e em especial a sagrada Comunhão e a oração pelas intenções do Papa sejam feitas no mesmo dia em que se cumpre a obra indulgenciada, mas é suficiente que estes ritos sagrados e orações se cumpram dentro de alguns dias (cerca de 20), antes ou depois do ato indulgenciado”. (Cf. Penitenciária Apostólica, em Roma, Sede da Penitenciária Apostólica, 29 de Junho de 2002).
Deste modo, a cada ano O Senhor quer que este louvor esteja em nossos corações: “Mostra-me a tua misericórdia e viverei, porque a tua lei faz as minhas delícias.” (Sl 119,77)
Para as células de evangelização:
Partilha como foi a tua celebração do Mistério pascal e como esperas celebrar a festa da Misericórdia.
Pe. Marcelo
Nenhum comentário:
Postar um comentário