quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Apóstolos Hoje - reflexão e oração janeiro de2012

Deus, Amor Infinito

Meditação XXVIII (OOCC XIII, pp. 141-146)

O Amor Infinito e a Infinita Misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo no deserto.

Introdução:

 “Jesus meu! Quem jamais teria imaginado que vós, Deus como sois, eterno, imenso, incompreensível, bem-aventurado em vós mesmo, sabedoria por essência, Deus ofendido, ultrajado por nós, Deus feito homem por nós, chegásseis a fazer tudo isso? E dizer que sabíeis de antemão que não seríeis correspondido com amor e gratidão, que, pelo contrário, teríeis sido ignorado e muito desprezado! Meu Deus! Eu ... ah, eu não entendo! Sinto o vosso amor infinito e a vossa infinita misericórdia, mas não os compreendo! E sempre os esqueço!” (Reflexão XXVIII).

São Vicente Pallotti, com essa reflexão, nos atesta sobre a resignação total de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele quis se retirar, antes de começar seu público apostolado, para nos ensinar que mesmo em nossa humanidade podemos, vivenciando a Palavra, vencer todas as tentações. Foi assim com Jesus, que usa a Palavra para repudiar o demônio: “Mas Jesus respondeu: Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” (Mateus 4,4). É uma prova do Amor Infinito de Deus para conosco: Jesus no deserto, nesmo quando faltou água e comida e nem mesmo nas tentações, desfrutou de sua natureza divina; pelo contrário, através de uma Kénosis, de um rebaixamento, sofreu e tornou possível a vitória como um homem: “Ele, estando na forma de Deus não usou de seu direito de ser tratado como um deus. Mas despojou, tomando a forma de um escravo. Tornando-se semelhante aos homens e reconhecido em seu aspecto como um homem.” (Filipenses 2, 6-7).
É fundamental saber que Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo Deus, tem o conhecimento de todas as coisas e mesmo ciente de nossa infidelidade aos seus ensinamentos, mesmo consciente de que seus exemplos não seriam seguidos de forma plena por nós, seus discípulos, Ele quis nos conceder a graça, a possibilidade da vitória. Uma vitória alcançada através de uma entrega do “eu”, muitas vezes individualista e prepotente. Assim, Pallotti nos dá mais uma orientação para a santa imitação de Nosso Senhor Jesus Cristo: abrir-se, livrar-se do apego ao próprio “eu”. Este é objetivo de qualquer cristão e de cada um de nós, palotinos, que com muito mais ardor e compromisso para com o Evangelho, seguimos o carisma proposto por nosso Santo Fundador.

O deserto de que a Bíblia no fala e São Vicente Pallotti cita, nos remete à solidão, ao menos sensível: lá conseguimos nos encontrar com nós mesmos e com Deus. Esta experiência nos impulsiona a um verdadeiro e íntimo diálogo com Jesus, onde podemos descansar dos fardos víciosos da vida e nos configurarmos mais perfeitamente a Ele. Foi este encontro íntimo com o Senhor que Pallotti propôs a seus filhos espirituais através dos retiros mensais. E é neste encontro, só a só com Deus, que percebemos a nossa miséria e nossa incompreensão frente ao imenso plano amoroso de salvação que o Senhor nos propõe. É necessário reconhecer-se como um “nada” - da mesma forma como São Vicente fez em toda sua vida - e perceber que Deus nos torna dignos filhos seus, irmãos de Jesus e participantes de sua herança. Ele nos torna participantes do seu Amor!

O amor de Deus por nós se revela de maneira mais concreta através de sua Infinita Misericórdia. Deus nos concede o direito e a alegria de nos relacionar familiarmente com Ele. Porém, mesmo assim, diante de tão grande e manifestado Amor, nós O ignoramos e preferimos os “entorpecentes” de uma vida frenética. A Misericórdia nos ensina viver pelo Amor, mas nós optamos muitas vezes pelo egoísmo e auto-suficiência. O amor de Deus nos ensina o desapego às coisas vãs e nós, no entanto, somos mais atentos às coisas menos importantes.

O convite a uma experiência de deserto é também um chamado a rompermos a “casca” do nosso egocentrismo. Ele favorece a pecebermos que o incompreensível amor de Deus nos convida a uma vida verdadeira onde se toma consciência de que só Jesus é o Caminho autêntico e que somente Ele é nosso guia. O deserto pode torna-se o lugar para o diálogo com o Senhor, a mortificação para os nossos desejos particulares e vencermos nosso egoísmo. Espaço para transcender nossa individualidade e perceber que, mesmo conscientes de nossa condição frágil de seres humanos, a graça de Deus, pelos méritos infinitos de Jesus Cristo, continua convocado-nos à colaboração do Anúncio do Reino.
Pensando...

O deserto nos remete ainda a uma solidão sensível e nos convida a um maior confronto conosco mesmos. Quando nos confrontamos sinceramente com nossa realidade, as “máscaras” que colocamos, para sermos aceitos por um grupo social ou por nós mesmos, caem. Seria importante saber aproveitar dessa oportunidade para conhecermo-nos verdadeiramente e assim nos apresentarmos ao Senhor sem hipocrisia. Temos coragem de nos colocar à prova?

Por nosso amor, Nosso Senhor Jesus Cristo se humilhou, renunciou sua condição divina sujeitando-se àquela humana, mesmo aquela de ser tentado. Nós, ao contrário, muitas vezes somos vaidosos e apegados a cargos e classes sociais, mesmo tendo conhecimento dos ensinamentos humildes de Jesus. Ele venceu pela sua humildade e, como Ele, somos também chamados a contar com sua graça para vencermos as tentações. Perguntemo-nos: deixamo-nos ser vencidos pela vaidade? Enfrentamos diversas situações sozinhos ou, com humildade, recorremos ao Senhor para que Ele, que experimentou situações semelhantes, nos possa ajudar?

Com o episódio no deserto, Jesus nos ensina que também através da mortificação da carne podemos chegar a uma experiência mais íntima com Deus. Nosso Senhor iniciou seu apostolado público depois dessa experiência de deserto – onde experimentou também a fome, a sede e a solidão. Nós, respondendo ao mandato missionário: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Marcos 16,15-16), e atentos ao carisma palotino de colaborar no apostolado de Jesus Cristo, somos chamados a sermos solícitos às preocupações e aos sofrimentos do próximo. Temos a sensibilidade de nos colocar no “lugar” do outro para entender suas aflições e anunciar o Evangelho de maneira eficaz?
Oração

És tu a minha perseverança

“Deus meu. Misericórdia minha, eu sou infinitamente indigno de ter o dom da santa perseverança. E só tu conheces os grandes e infinitos males que tenho praticado por não ter sido fiel às resoluções e por não ter usado dos meios que tu me proporcionaste para perseverar. Vês, se eu faço uma promessa e, depois, faço tudo ao contrário, é porque sou homem do pecado. Mas, a tua infinita misericórdia, pelos méritos de Jesus Cristo e pelos méritos e a intercessão de Maria Santíssima e de todos os Anjos e Santos, me garantem que tu destróis tudo em mim, agora e sempre, e operas em mim, Pai, Filho e Espírito Santo. E todos os teus infinitos atributos, todos infinitamente misericordiosos, agora e sempre, operam e operarão em mim, por toda a eternidade como se tivessem operado também desde toda a eternidade. E tu mesmo, ó Deus meu, és a minha perseverança. Tu és meu bem eterno. Tu, o meu tudo”!
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Segretariato Generale, Unione dell’Apostolato Cattolico
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