sábado, 21 de janeiro de 2012

Terceira Assembléia Ordinária Geral da União Católica

A homilia que Reitor Geral pronunciou durante a Missa de abertura da Terceira Assembléia Ordinária Geral da União Católica, no dia 14 de janeiro de 2012, Grottaferrata, Roma.

Queridos irmãos e irmãs da Família Palotina.
O Evangelho de hoje fala do chamado de Levi, o publicano. Foi, aparentemente, uma pessoa odiada por pessoas comuns, era visto como um colaborador do Império Romano. Jesus viu ele sentado na coletoria, disse: "Segue-me" e ele se levantou e seguiu o Senhor. Mais tarde Jesus jantou na casa dele com muitos publicanos e pecadores, por esse motivo muitos deles foram seus seguidores. Os escribas do partido fariseu não estavam satisfeitos com essas atitudes de Jesus e por isso perguntaram: "Por que ele come com publicanos e pecadores?". Ao ouvir isso, Jesus disse-lhes: "Não é o saudável que precisam de médico, mas sim os doentes, não vim chamar os justos mas os pecadores".
Porque Jesus foi contra as normas sociais da época? Ele provavelmente poderia ter encontrado muitas outras pessoas que eram mais respeitadas e aceitas pela alta sociedade para serem seus discípulos. No entanto, ele andava com a gente simples com as pescadores e coletores de impostos. No final, nenhum deles deixou Ele, talvez apenas um. Eles permaneceram fiéis à sua vocação ao ponto de dar suas vidas para o Mestre.
Na verdade, a vida terrena de Jesus é cheia de contradições e paradoxos. O Filho de Deus quis nascer em uma manjedoura com animais e pastores do campo. Ele tinha essa pobreza radical até à sua morte na cruz. Ele tem mostrado que se fica só esta se perdendo e morrendo para si esta se encontrando a vida. Ele disse que, aos olhos de Deus, os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros.
Esta manhã começamos a Assembléia Geral da União Católica - um tempo de discernimento e planejamento para a realização mais completa da visão profética do nosso Santo Fundador, São Vicente Pallotti. Oramos para que o Espírito Santo nos ilumine e nos guie em nossas deliberações. Neste ponto, a partir da mensagem do trecho evangélico de hoje, eu surgiro algumas perguntas.
Será que nós, membros da União, somos capazes de pensar e agir de formas que são diferentes das regras e as práticas aceitas pela sociedade, assim como Jesus que se atreveu a chamar um cobrador de impostos, em vez de chamar gente boa e justa? Atrevemo-nos a ser diferente em nossa vida cristã? Podemos tomar o "caminho menos percorrido"?
O ponto de partida da nossa nova viagem deve ser gratidão a Deus por aquilo que temos sido capazes de alcançar em relação à União, Graças ao Presidente, Pe. Derry Murphy, o Secretário, Pe. Rory Hanly e todos os membros da UAC no mundo pelo seu empenho e seu trabalho. Que Deus continue a abençoar os nossos esforços para a realização do nosso carisma.
No entanto, o trabalho ainda não terminou. Transformando o mundo, tenho a impressão de que Pallotti, apesar de tamanho da obra, permanece "um tesouro a ser descoberto" na Igreja e no nosso mundo Pallottino. Às vezes tenho a impressão de que somos muito "centrado em Roma ou Itália" e fazer nossos julgamentos em outras partes do mundo a partir do que vemos e ouvimos neste país. É verdade que a Itália, e Roma em particular, desempenham um papel especial, porque não pode ser entendido o espirito de Pallotti sem a compreensão da cultura italiana. No entanto, o carisma Pallottino é suficientemente universal em sua essência e devem ser integrados nas diferentes culturas para uma implementação eficas.
As experiências mostram também que não podemos nunca compreender o UAC sem o conhecimento e experiência da espiritualidade de São Vicente em si mesmo. Ao colocar o UAC ou mais especificamente o Estatuto Geral da União antes da pessoa e do espírito de São Vicente Pallotti, seria como colocar o carro atras dos bois. Em todos os nossos cursos de formaçãos aqui em Roma, sempre que foi explicado pela espiritualidade de São Vicente, todo mundo está animado e atraídos por ela. Mas as discussões na UAC não tem nenhuma ligação com São Vicente e a sua espiritualidade e muitas vezes levou a bloqueios mentais e resistências. Talvez seja a hora de apresentar a União de uma maneira nova.
Gostaria de propor a UAC, três pontos que eu acho que são muito significativas.
O primeiro ponto é que temos de nos concentrar sobre a espiritualidade de São Vicente. Devemos prestar mais atenção à espiritualidade mística e contemplativa do Pallotti. O que o mundo precisa agora é uma verdadeira experiência de Deus e o elemento principal e mais importante da espiritualidade Palotina é a experiência do amor e da misericórdia infinita de Deus no coração do homem moderno, há também uma espécie de sede mística. Podemos perguntar: "Buscamos a Deus sempre e em toda parte", como fez São Vicente? Deus é verdadeiramente o centro de nossas vidas e nossas atividades? Até que ponto nós enfatizamos a busca pelo divino em nossos grupos da União? Na verdade, precisamos de "retiros santo" ou "Cenaculo", como São Vicente insistiu. Como palotinos, precisamos nos tornar cada vez mais contemplativos e místicos na nossa busca de Deus.
O segundo ponto é que precisamos de modelos de formação interessante e eficaz para a União. Na verdade, o Cenáculo fornece o melhor modelo de formação para o UAC. A presença do Espírito Santo como o agente principal da formação, a presença constante e mãe de Maria, Rainha dos Apóstolos, a partilha da Palavra e do pão no contexto de uma comunidade de fé, a transformação interna de pessoas simples em apóstolos de Jesus, em todo o mundo pregando a Boa Nova, etc ..., são elementos de modelos de formação eficaz para a União. Deve-se notar que as pessoas que fazem o seu compromisso apostólico na União não precisa de apenas dois ou três anos de formação inicial, mas também uma aprendizagem ao longo da vida para garantir que o seu zelo apostólico será renovado constantemente. A formação é uma área onde podemos enriquecer-nós mutuamente. Precisamos ter a oportunidade de compartilhar nossas experiências e aprender uns com os outros.
Um terceiro ponto a considerar é a nossa vocação missionária e compromisso dos membros da União. Os apóstolos não foram fechados no cenáculo, mas saíram para partilhar a sua experiência de Deus. Da mesma forma, os membros da União devem se engajar em atividades missionárias para fazer da União um instrumento eficaz a serviço da Igreja. A União não deve ser apenas auto-sustentável e auto-suficiente sem o esforço missionário. Se isso acontecer, a União irá certamente morrer. "A messe é grande mas os operários são poucos." Há muitas necessidades pastorais no mundo, tanto de ordem espiritual como em temporal. É o espírito missionário que mantém a Igreja dinâmica. A UAC é uma força apostolica na Igreja e no mundo e, portanto, deve se envolver em atividades de caridade e trabalhos espirituais de amor e misericórdia. Cada grupo da união deve ver a necessidade e o que pode ser feito em seu próprio contexto, sempre no espírito do Apostolado Católico. Se a caridade não se traduz em ações concretas no serviço de Deus e outros seres humanos, não é a verdadeira caridade, porque a caridade em sua essência é o dom de si.
Resumindo, há pelo menos três desafios diante de nós hoje: para fazer a UAC com base na experiência real de Deus através da contemplação e da vida mística, para desenvolver modelos eficazes de formação apostólica dos membros da União, sempre no espírito do Cenáculo; envolvidos concretamente em atividades missionárias como formas de experimentar e expressar o amor e a misericórdia de Deus, e para compartilhar a mensagem da salvação para os homens. Papa Bento XVI diz: "A fé sem a caridade e o amor não dá fruto e a caridade sem fé seria um sentimento constante que mercê da dúvida (...). Muitos cristãos, de fato, dedicam suas vidas com amor aqueles que estão sozinhos , marginalizados ou excluídos como aqueles de que tem que ir para o primeiro e mais importante, porque nele se reflete no rosto de Cristo "(Porta fidei, 14).
Um evento como a Assembléia Geral da União deve realmente debruçar quais elementos são essenciais para o crescimento da União. Esses quatro dias não devem ser preenchidos com assuntos triviais que podem ser facilmente tratadas por Secretaria da UAC. Da minha breve experiência em alguns desses eventos, eu percebi que se gasta muito tempo com pequenos problemas à custa de uma discussão séria sobre questões-chave relacionadas com a União. Se a Assembleia Geral ou a Reunião Geral do Conselho Coordenador não estão preparados para abordar estas questões importantes, onde podem ser tratadas? É bom que vamos focar na questão da "Nova Evangelização" durante a Assembléia. Na verdade, este é um momento oportuno para nós palotinos para oferecer a seu próprio carisma para a Igreja Universal como uma resposta apropriada às necessidades dos tempos atuais. "Nova Evangelização" significa os esforços renovados da Igreja para enfrentar os desafios que as sociedades de hoje e culturas representam para a fé cristã. Neste projeto para reaviver a fé, a Igreja, Pessoa de Jesus Cristo e do encontro pessoal com Ele é o centro de seu pensamento, sabendo que Ele vai dar o Seu Espírito e a força para anunciar e proclamar o Evangelho de modo novo e para que ele possa falar para a sociedade de hoje.
"Para reavivar a fé e reacender a caridade", como autênticos apóstolos de Jesus Cristo neste mundo que muda - como sugere o tema da XX Assembléia Geral da nossa Sociedade - é o verdadeiro desafio diante de nós. É uma ocasião de alegria pois a Província da Imaculada Conceição de nossa Sociedade decidiu abrir um "Centro do Apostolado Católico" em Washington para enfrentar o desafio da "Nova Evangelização" no espírito do nosso Fundador  em cooperação da Igreja em Estados Unidos da América. Na última semana de setembro de 2012, como assistente Eclessial da União, estou organizando um seminário em Roma apenas para aprofundar a nossa reflexão sobre o carisma Pallottino como uma resposta ao desafio da "Nova Evangelização".
O carisma continua a ser vibrante e relevante apenas quando se uma resposta adequada aos sinais dos tempos. Caso contrário, ele está estagnado ou, eventualmente, morre. A União do Apostolado Católico é um dom de Deus, através de São Vicente Pallotti, a Igreja universal. Hoje nós estamos para mostrar a Igreja que temos realmente um tesouro para reaviver e renovar a fé católica e o espírito apostólico na Igreja. Vai depender muito da nossa coragem, visão, criatividade, colaboração e confiança em Deus, transformar e traduzir a visão profética do nosso Fundador, um serviço evangélico de trombeta para toda a Igreja. Que o Espírito Santo inspire- nos e guie- nos em todos os nossos esforços. Amém.
Pe. Jacob Nampudakam, SAC
Reitor  Geral
Grottaferrata, 14 de janeiro 2012

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