terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Apóstolos Hoje – Dezembro de 2011

Deus, Amor Infinito

Meditação XXVII (OOCC XIII, pp. 138-141)

O amor infinito e a Misericórdia infinita de Nosso Senhor Jesus Cristo no seu Batismo

Oração inicial: Jesus, Filho do Deus vivo, veneramos a vossa Santidade infinita. A santidade que abraça nossa humanidade pecadora, enquanto tu te submeteste ao batismo de penitência por João no Jordão, mesmo de ser ter pecado. Ajuda-nos a viver a santidade e a dignidade que recebemos no Batismo como filhos de Deus; ajuda-nos a renová-las novamente no Sacramento da Reconciliação. Nós vos pedimos em teu nome. Amém.
“O que se realizou em Jesus no batismo se realizará em ti”. Esta era a expectativa da Igreja primitiva destinada às pessoas que desejavam deixar seu velho estilo de vida tornando-se cristãos. No ato do batismo era entregue a eles o livro dos Evangelhos que, se fossem tiradas as narrativas da infância de Jesus em Mateus e em Lucas, todos começariam com o Batismo de Jesus no Jordão. Então o que aconteceu neste momento? 

Era um momento de decisão, o “kairos”, o chamado do Pai para Jesus iniciar seu ministério público proclamando a salvação para todos nós.

Jesus submeteu-se ao batismo de João, um batismo de penitência. Este ato reassumiu o trabalho da Encarnação de Deus/a salvação. Jesus, o Filho de Deus, mesmo sem pecado, assumiu a nossa condição humana de pecadores para nos redimir a partir de dentro, tornando-se verdadeiramente nosso Irmão primogênito. São Vicente contemplou profundamente este mistério de quem, mesmo sem pecado, mostrou-se como se fosse pecador. No temor reverente pela santidade de Jesus, São Vicente nos direciona para o Sacramento da Penitência e à restaurar nossa inocência batismal. Em lugar de refletir a proposta de São Vicente, convido a todos a contemplarmos o batismo de Jesus e concentrar-nos na sua experiência com o Pai (Abbà), enquanto escutava a Sua voz e emergia da água ajudado pelo poder do Espírito para a sua missão. Plenamente santo e totalmente humano, esta é a experiência de Jesus - ser Filho, chamado para fazer a Sua vontade.
A identidade de Jesus como Filho encontra o seu fundamento aqui, na onicomprensiva consciência de ser amado pelo Pai. São Marcos enfatiza em sua narração sobre a teofania do batismo de Jesus, quando Jesus se revela como “Filho predileto”, no qual Deus se compraz (Mc 1,11). A referência como “servo” do qual fala Isaías 42,1, “o escolhido (eklektos), em quem Deus se compraz”. No lugar de eklektos, no entanto, Marco usa “agapetos uios” (Filho Amado) para enfatizar a relação pessoal de Jesus com o seu Pai. A palavra hebraica – se compraz - “rason” que significa ‘aquele que faz sempre a minha vontade”. Mesmo em sua agonia no Getsêmani, a relação de Jesus com o Pai manteve-se intacta. Seu relacionamento com Deus, seu uso impressionante da palavra ‘Abbà’ na oração que ensinou aos seus discípulos também no momento da crucificação eminente, (Mc 14, 36) deixou uma impressão indelével sobre eles.

Do seu batismo no Jordão resultou a prioridade urgente de anunciar o reino de Deus. A Santidade de Jesus em si mesma e a Sua Santidade em confronto com o pecado da injustiça e da cobiça, evidenciam o duplo significado do reino de Deus. O primeiro significado do reino é a experiência interior de Jesus mesmo, do Deus que reina soberano n’Ele. Jesus na sua humanidade permanecia profundamente em sintonia com a vontade de Deus de tal maneira que Deus podia agir n’Ele como Deus. O reino de Deus estava plenamente presente em Jesus. O segundo significado é a manifestação externa do Reino de Deus, o amor compassivo e apaixonante do Pai que fez com que Jesus desafiasse todos a mudarem o mundo para torná-lo, o lugar desejado pelo seu Pai amoroso. O reino, exclusivamente obra de Deus, já estava presente no ministério de cura, ensino e exorcismo de Jesus em um modo radicalmente novo, desafiando cada situação que era contrária à gentileza do amor e da justiça do Pai. Durante todo o seu ministério, a prática e o ensinamento de Jesus, que irritou seus adversários, surgiu da sua intimidade única com Deus.  O seu amor vivido com o Pai é o que Jesus procurou transmitir também àqueles que o seguiam e nos marginalizados.
Vicente têm razão em nos chamar novamente a renovar o nosso batismo mediante a Confissão, porque o que se realizou em Jesus é destinado a realizar-se também em nós. O que é isso? É a decisão de mudar a nossa vida de pecador e do pecado estrutural que prevalece em nossa sociedade da qual nós mesmos somos cúmplices; é a necessidade de sermos fortalecidos pelo Espírito Santo para permitir que Deus possa reinar como Deus em nós. Somos chamados a construir um mundo segundo a vontade do Pai e estender a nossa mão aos marginalizados da sociedade e do mundo como fez Jesus e São Vicente como seu seguidor.

Rezemos: Jesus, concede-nos o teu horror ao pecado e a injustiça, tu que soubeste viver mesmo no meio deles. Concede-nos a teu exemplo fazer a experiência de sermos filhas e filhos amados do Pai para superar o nosso medo e nossa resistência em agir. Envia o teu Espírito de amor para despertar a nossa consciência a tudo aquilo que é bom e santo e a tudo aquilo que está errado, a graça para que possamos nos corrigir. Ajuda-nos a agir sempre em solidariedade com os outros. Ajuda-nos a anunciar com a vida o teu reino em nosso meio. Por meio de Jesus Cristo, nosso Irmão primogênito e Filho de Deus.

Oração final:
Senhor, tu nos chamas a viver a fecundidade do nosso Batismo, a fim de que possamos fazer a experiência de sermos amados pelo Pai e assumirmos generosamente a missão de criar um mundo desejado pelo Pai - um reino de amor, de justiça e de paz. Amém.

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