sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O SENHOR FAZ GERMINAR A JUSTIÇA E O LOUVOR

No final da primeira leitura do dia de hoje, temos um versículo que resume bem o que estamos a viver neste tempo do Advento e de modo especial esta semana: “Porque, assim como a terra faz nascer as plantas, e o jardim faz brotar as sementes, assim o Senhor Deus faz germinar a justiça e o louvor diante de todas as nações.” (Is 61,11) Na última quinta-feira, nós celebramos a realização plena desta Palavra. Desde o primeiro instante da sua concepção, a Virgem Maria foi preservada de toda a mancha de pecado. Nela Deus fez brotar em plenitude a justiça (santidade) e o louvor. No Salmo responsorial, vemos o louvor de Nossa Senhora no seu cântico “Magnificat”. 
Também em nós o Senhor quer fazer brotar a justiça e o louvor. A diferença é que em Maria, o Senhor usou como que de uma medicina preventiva, para nós ele usa de uma medicina curativa. Não é assim na medicina do corpo? Uma pessoa pode ser ou vacinada contra determinada doença ou ser medicada depois de tê-la contraído. Em nós, esta cura é um processo dinâmico que Nosso Senhor não desiste de levar a cabo até fim da nossa vida. Diz a segunda leitura de hoje: “Que o Deus da paz vos santifique totalmente, e todo o vosso ser - espírito, alma e corpo - se conserve irrepreensível para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é aquele que vos chama: Ele há-de realizá-lo.” (1 Tess 5,23-24) Também na Carta aos Coríntios: “É Ele também que vos confirmará até ao fim, para que sejais encontrados irrepreensíveis no Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo.” (1 Cor 1,8) E ainda: “E é exactamente nisto que ponho a minha confiança: aquele que em vós deu início a uma boa obra há-de levá-la ao fim, até ao dia de Cristo Jesus.” (Fl 1,6) Que verdade consoladora irmãos! Nosso Senhor insiste que quer levar à plenitude a boa obra começada em nós. Basta que nós não desistamos.
Sobre isto, dizia Santo Ambrósio: “… se, segundo a carne, uma só é a mãe de Cristo, segundo a fé todas as almas geram Cristo;… de facto, cada um acolhe em si o Verbo de Deus…A Alma de Maria engrandece o Senhor, e o seu espírito exulta em Deus, porque consagrada com a alma e com o espírito ao Pai e ao Filho, ela adora com afecto devoto um só Deus, do qual tudo provém, e um só Senhor, em virtude do qual todas as coisas existem. (Exposição do Evangelho segundo Lucas, 2,26-27….) Comenta este texto, o Papa Bento XVI escreveu: “ … sensibiliza-me de modo particular a palavra surpreendente: ‘Se segundo a carne, uma só é a mãe de Cristo, segundo a fé, todas as almas geram Cristo’. De facto, cada alma acolhe em si o Verbo de Deus.” Assim, o santo Doutor, interpretando as palavras de Nossa Senhora, convida-nos a fazer com que o Senhor encontre um abrigo na nossa alma e na nossa vida. Não devemos apenas levá-lo no coração, mas devemos levá-lo ao mundo, de modo que também nós possamos gerar Cristo para o nosso tempo. Peçamos ao Senhor que nos ajude a magnificá-lo com o Espírito e com a alma de Maria e a levar de novo Cristo para o nosso mundo.” (Bento XVI)  A Santa Igreja é a continuação de Cristo na história. Não só através dos sacramentos, mas também através dos carismas do Espírito Santo, Cristo continua a curar e a tocar o seu povo como fazia pelas terras da Galileia para fazer-nos crescer no amor de Deus e do próximo. Por isso São Paulo nos exorta na segunda leitura: “Não apagueis o Espírito” (1 Tess 5,19).
O que pode apagar o espírito? Não será o vento do orgulho? O louvor, por outro lado, nasce de um coração agradecido e humilde, que sabe reconhecer que todo o que temos e somos de bom vem do bom Deus. São João Baptista, no Evangelho de hoje nos dá um vivo exemplo desta grande humildade. Comenta Santo Agostinho: “O que significa: Aplainai o caminho, senão: Orai como se deve orar? O que significa ainda: Aplainai o caminho, senão: Tende pensamentos humildes? Imitai o exemplo de João. Julgam que é o Cristo e ele diz não ser aquele que julgam; não se aproveita do erro alheio para uma afirmação pessoal. Se tivesse dito: “Eu sou o Cristo”, facilmente teriam acreditado nele, pois já era considerado como tal antes que o dissesse. Mas não disse; pelo contrário, reconheceu o que era, disse o que não era, foi humilde. Viu de onde lhe vinha a salvação; compreendeu que era uma lâmpada e temeu que o vento do orgulho pudesse apagá-la”.

Para partilhar:
1-      A Igreja pelos sacramentos, pelos carismas e pela caridade, continua o ação de Cristo. Que gestos concretos podem tornar essa presença de Cristo mais perceptível entre nós neste Natal?
Pe. Marcelo

Nenhum comentário: